Nota de Imprensa
Aprovação do relatório Dess PAC no horizonte 2020
- oportunidade
perdida para responder
aos problemas dos agricultores portugueses!
Foi votado, hoje, em Bruxelas o relatório Dess, sobre o
futuro da PAC pós 2013. Os deputados do PCP ao PE consideram lamentável
que o conjunto das alterações que apresentaram tenham sido rejeitadas pela
maioria deste Parlamento, sobretudo pelos grupos políticos onde se inserem PS,
PSD e CDS, inviabilizando a aprovação:
1) de um regime de ajudas à produção devidamente moduladas, com fixação de limites máximos de atribuição e isenção
para a agricultura familiar e cooperativas de produção agrícola;
2) da possibilidade de reutilização pelos Estados-membros das
verbas obtidas através da modulação e do plafonamento, sem necessidade de co-financiamento para majorar as ajudas às
pequenas explorações;
3) de um rendimento mínimo anual enquanto contributo para a estabilização do
desenvolvimento rural;
4) da retirada das espécies de OGM já introduzidas na UE, do estabelecimento
de uma moratória entre os
Estrados-membros, defendendo a reintrodução
do princípio da precaução - posição que tem vindo a ser defendida por
muitas organizações de consumidores e de produtores, com um claro apoio das
populações;
5) da defesa da existência de instrumentos de regulação dos mercados e de
mecanismos de intervenção que garantam preços justos à produção, como forma
de permitir a evolução dos Estados-Membros mais deficitários;
6) de um seguro agrícola público, financiado por fundos comunitários, que
permita garantir um rendimento mínimo aos agricultores em casos de catástrofes,
como a seca, temporais, granizo, incêndios, epizootias, entre outros;
7) da manutenção das ajudas à destilação do álcool de boca e a destilação de
crise, para além de 2012;
8) da clara oposição à liberalização do sector do leite
exigindo a manutenção das quotas
enquanto garantia do direito a produzir,
na protecção dos agricultores dos países como Portugal evitando, assim, a
concentração e intensificação da produção;
Os deputados
do PCP colocaram no centro da discussão princípios que visam uma justa
orientação da política agrícola, voltando-a para uma agricultura social e
ambientalmente sustentável. Consideram que o documento aprovado constitui uma
clara continuação das más políticas que a UE tem vindo a desenvolver nas
anteriores revisões da PAC, na qual
se reitera e aprofunda a desregulação e a liberalização dos mercados, a
"orientação para o mercado" da produção, pondo em causa o direito dos
países a produzirem, comprometendo a sobrevivência da pequena e média
agricultura, sujeitando-a às regras da OMC, e promovendo modelos de produção
intensiva, de cariz exportador, em detrimento da produção e do consumo locais.
Este é, sem
dúvida, um documento que representa mais uma
agressão aos agricultores portugueses, pelo que
os deputados do PCP ao PE o votaram contra, não só porque não responde aos
desafios futuros que o próprio título enuncia - desafios "em matéria de alimentação, recursos naturais e territoriais"
- mas também porque continua a pôr em causa princípios, como o direito à
soberania e segurança alimentares dos povos.
0 comentários:
Enviar um comentário
O seu comentário será publicado brevemente.
Muito obrigado pela sua participação.