segunda-feira, 29 de abril de 2013

25 DE ABRIL - SESSÃO SOLENE - INTERVENÇÃO DA CDU

INTERVENÇÃO DA CDU NA SESSÃO SOLENE COMEMORATIVA DO 39º ANIVERSÁRIO DO 25 DE ABRIL
                  
Exmo. senhor presidente da Assembleia Municipal de Lagos            
Exmo. senhor presidente da Câmara Municipal de Lagos                    
Demais autarquas             
Exmo. representante da Associação 25 de Abril                          



E, numa saudação muito especial, porque nos dirigimos aos representantes do futuro da nossa terra, saudamos os eleitos da Assembleia da Juventude, e, por seu intermédio, todos os jovens.


Mais uma vez, comemoramos Abril. E, mais uma vez, o fazemos em festa e em luta.
Em festa, recordando os dias luminosos da revolução de Abril, com as suas conquistas que transformaram profundamente Portugal, conferindo aos trabalhadores e ao povo os direitos fundamentais a que todo o ser humano, pelo simples facto de existir, tem direito de usufruir.
Em luta, erguendo bem alto a bandeira dos valores e dos ideais de Abril, que constituem referências dominantes para a luta das massas trabalhadoras e populares nos tempos que hoje vivemos.
Em festa, porque Abril foi a maior e mais bela festa da nossa vida colectiva, desde o inesquecível dia 25 e, depois, com os que se lhe seguiram e que, porque foram tempos de iniciação de um País novo, ficaram para sempre marcados na memória colectiva do nosso povo.
Em luta, porque é necessário derrotar os que, desde há 39 anos, tudo têm tentado para cerrar as portas que Abril abriu. E que se preparam, agora, para mais perigosos passos nesse sentido.
Nunca como hoje o Poder Local sofreu um ataque tão profundo e diversificado, nunca o pilar do Estado Democrático, tecido de proximidade e participação, foi tão fortemente atacado.
Sob um manto de loas e incenso às suas realizações concretas e por detrás de uma cortina farisaica de discursos sobre modernidade, emergem propósitos de amputar o Poder Local de características que lhe são essenciais, de recursos financeiros e de meios humanos e técnicos necessários à sua acção.
Esta escalada contra o Poder Local pretende legitimar a destruição de mais de um milhar de freguesias no País, como seja, no Município de Lagos, a extinção das freguesias de Santa Maria e de Barão de S. João, de que resulta a criação de duas freguesias com os espúrios nomes de União das Freguesias de Bensafrim e Barão de S. João e de União das freguesias de S. Sebastião e Santa Maria. Tudo isto contra a vontade expressa das populações e de todos os órgãos autárquicos, tendo sido dado conhecimento oportuno desta oposição à Assembleia da República, ao Presidente da República e ao Governo.
A pretexto do controlo da dívida pública, pretende-se controlar, de facto, a acção, as opções e as políticas das autarquias locais ao serviço das populações. Além disso, pretende-se a criação de estruturas supra-municipais destinadas a retirar alguns dos poderes dos municípios e a exercer tutela efectiva sobre eles, em claro desrespeito pela Constituição da Republica.
Reduzem-se os efectivos em pessoal, degradam-se a qualidade técnica dos serviços e a
capacidade de enquadramento e direcção do trabalho autárquico.
E prosseguem estes objectivos com a asfixia financeira, com a diminuição do montante da participação nos recursos públicos, a afectação de acréscimos de receita a fundos e outras formas de os retirar às autarquias, a elevação dos encargos existentes e a criação de novos encargos.
Tudo isto enquanto aumenta exponencialmente a carga tributária sobre as populações e se degradam os serviços que lhes deviam ser prestados.
Mas regressemos à grande referencia, ao espírito combativo, de esperança e confiança, que o 25 de Abril nos trouxe, e que conduziu a todos os passos dados no sentido de justiça social, de instituição da escola para todos, do serviço nacional de saúde, dos direitos e garantias dos trabalhadores, do acesso a condições de vida dignas, de fruição da cultura e do desporto, de progresso e liberdade. Em suma, duma sociedade de justiça e direitos, duma sociedade democrática.
Afirmamos que existe a alternativa ao rumo a que o governo quer conduzir o País, de tentativa de reposição da situação que o 25 de Abril destruiu. O povo já exprimiu claramente, em grandes manifestações e nas mais diversas formas de luta, o seu repúdio por estas políticas de direita, e sua exigência em retomar os caminhos de Abril.  

Reafirmamos os valores de Abril no futuro de Portugal.

VIVA O 25 DE ABRIL.
25 DE ABRIL SEMPRE.

Lagos, 25 de Abril de 2013

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