A Lágrima do
Acesso à Meia Praia
por Gilberto travessas
Ia eu de carro para a marina quando ouvi na
rádio a notícia sobre mais uma subida de preços dos combustíveis para o dia
seguinte. Consumidor sem poder de compra, como a imensa maioria dos portugueses
submetidos a um apertar de cinto já sem buracos, pelas troicas ou triunviratos,
resolvi ir à BP à saída de Lagos (comprava o combustível antes do aumento e
utilizava uns talões de desconto que agora não nos podemos esquecer de pedir
com a conta do supermercado; não compensa a inflação dos produtos alimentares,
mas ajuda para a bica). Ao voltar cheguei à lágrima e… qual rotunda qual quê,
toca a ir dar a volta à rotunda da polícia.
Quando a ponte D. Maria I foi encerada ao
trânsito, para fazer compras naquele supermercado pertença de patriotas cujo
capital ganho de Janeiro a Janeiro foi colocado na Holanda, saía-se e batia-se
noutra lágrima e… toca a ir dar a volta à rotunda da escola das Naus. Mas agora
andam a abrir uma verdadeira rotunda ( bom é melhor esperar pelo fim dos
trabalhos para dizer se é verdadeira, pois em Lagos há pelo menos um sinal de
STOP à entrada de uma rotunda). Será pela sensibilidade aos superiores
interesses do comércio local? Não. Lembremo-nos da sessão pública de discussão
do Regulamento de Circulação e Estacionamento onde presidente da câmara disse
sobre os pequenos comerciantes locais qualquer coisa como não ter preocupações
sobre se a caixa registadora abria ou não. Mas isto que está aberto o ano
inteiro é outra coisa. São muito ricos e poderosos, portante o comportamento
deve ser subserviente e de rápida resposta às suas necessidades.
Lágrima é o único nome que posso utilizar.
Lágrima de choro e de gargalhada.
Gargalhada, pois li uma notícia (CM) na qual
se dizia que segundo o presidente da câmara a nova “rotunda” era para ficar.
Não há noção do ridículo. Uma rotunda é uma placa circular na via. Em Lagos têm
a mania de chamar as coisas por nomes que elas não têm (como “Castelo dos
Governadores” e “Mercado de Escravos” que nunca existiram a não ser na mente de
deturpadores da História para inglês ver).Chamem-lhe gota se quiserem, mas
rotunda é que não, pois os automobilistas são obrigados a dar uma volta
desnecessária porque um, ou uns, iluminados que gostariam de ser originais, não
querem fazer o que é racional e pura e simplesmente construir rotundas onde
elas deviam estar.
Choro de tristeza porque parece não haver
nada nem ninguém que consiga disciplinar estes indivíduos, escudados numa
maioria absoluta obtida com os seguintes valores: Inscritos
apurados, 22.479; Não votaram, 9.588 (42.65%);Nulos, 0.94% (121); Brancos,
2.09% (269), e temos Vencedor PS, 60.93% x 12.501=7.617 votos (a montagem
é minha, os dados são do sítio da RTP) e como tal se acham donos e senhores de
tudo, e mais ainda, se acham muito espertos porque conseguem fazer da vida das
pessoas um inferno.
Choro porque não querem reconhecer a necessidade de uma rotunda para
aquela entrada de Lagos. É uma forma de obrigar fisicamente os veículos a abrandarem
a velocidade, pois a placa de entrada em localidade, poucas dezenas de metros
antes, não chega. Os moradores das zonas nascente de Lagos (Chinicato, Odiáxere
e outras) não precisam de vir ver se a esquadra está no mesmo sítio para irem à
praia. Os bombeiros se tiverem que ir à rua Monte Molião não querem saber se o
parque de estacionamento das Naus está ou não cheio.
Se se constrói uma rotunda para servir um supermercado porque não é feita aquela
necessária à prevenção de acidentes por excesso de velocidade e ao combate ao
desperdício de combustível?
Bem podem dizer “Tudo vale a
pena…”, mas com o dinheiro dos outros…
Gilberto
Travessas
Março 2012,
Lagos
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