Porquê este blogue?

Num tempo muito inquietante, marcado por uma forte ofensiva ideológica, com a qual os média dominantes fazem chegar todos os dias a milhões de pessoas a desinformação organizada com o objectivo de servir e defender os interesses do grande capital, a leitura e divulgação de informação progressista e revolucionária é crucial para todos os que assumem como referência maior os valores e ideais de ABRIL!

A LUTA CONTINUA!

domingo, 28 de agosto de 2011

Agravamento da Exploração


Agravamento da Exploração   
Eixo essencial do programa de submissão e agressão
                                                          
                                           
por Francisco Lopes             
Membro da Comissão Política                                             


                 





Passaram cem dias sobre a assinatura do pacto de submissão e agressão aos trabalhadores, ao povo e ao País, subscrito pelo PS, PSD e CDS-PP, com o FMI, a UE e o BCE. Um pacto ilegítimo pelo processo e pelo conteúdo cuja aplicação está a ser dirigida pelo Governo PSD/CDS-PP com a assessoria do PS e o apoio do Presidente da República.                                                                                                

Uma imposição externa? Sim! Mas acima de tudo uma intervenção resultante da convocação do FMI, da UE e do BCE, por parte do grande capital nacional e dos partidos que o representam, para justificar a aplicação do programa drástico de agravamento da exploração que há muito perseguem e que só por si não tinham força para aplicar. As medidas decididas ou anunciadas têm de facto um eixo condutor essencial: o agravamento da exploração dos trabalhadores. 

Os pretextos são os mais diversos, com destaque para a invocação do combate ao défice ou à divida externa: Na realidade, tendo ou não a ver com tais invocações, o matraquear das medidas visa sempre, de todas as formas, despojar os trabalhadores de mais e mais parcelas da riqueza que só o seu trabalho cria, para aumentar o lucro do capital, canalizando-o para os grupos económicos e financeiros, para o capital transnacional.

É a facilitação dos despedimentos, com a diminuição do valor das indemnizações (passando de 30 para 20 ou 10 dias por cada ano de trabalho, sem limite mínimo e colocando como limite máximo doze meses, o que significa que a um trabalhador com 37 anos numa empresa podem vir a roubar os direitos de 25 anos de trabalho). Para já dizem que é para os novos contratos, no entanto estão a programar a sua rápida extensão a todos, bem como a facilitação de outras formas de despedimento.

É o ataque à Segurança Social com a redução da TSU (dos descontos das empresas) ou com o plafonamento e a segmentação, passando recursos financeiros imensos para os lucros do capital, a par da transferência dos fundos de pensões da banca, com os pesados encargos que comportam a prazo para a Segurança Social. 

É a redução da atribuição do subsídio de desemprego e a tentativa de roubar o próprio subsídio de desemprego. Querem roubar esta prestação que resulta da contribuição de cada trabalhador ao longo dos anos. O esquema é o subsídio de desemprego no todo ou em parte deixar de ser entregue ao trabalhador para ser entregue ao patrão. Se o trabalhador o quiser receber tem de trabalhar para o patrão que lhe paga usando o subsídio que pertence por direito ao trabalhador. Isto é, no todo ou em parte, pôr o trabalhador a trabalhar de borla.
É o roubo no 13.º mês aos trabalhadores e aos reformados que deixa os dividendos e juros de fora e que se insere no roubo geral nos salários, incluindo a retirada de 15 euros por mês desde o início do ano a cada um dos trabalhadores que aufere o salário mínimo nacional, em consequência deste não ter aumentado para os 500 euros como estava comprometido.

É o aumento brutal dos bens e serviços de primeira necessidade, como os transportes públicos, a electricidade e o gás, e o ataque à administração e aos serviços públicos.
É o «contrato único» para generalizar a precariedade, o ataque aos direitos sindicais, ao direito à greve, à contratação colectiva, pondo em causa o seu conteúdo de modo a promover aumento de horários, corte nos salários e redução geral de direitos.

Intensificar a luta

Engrossar os lucros do capital financeiro é destino de todas as medidas como também está patente no Orçamento Rectificativo, nas privatizações e eliminação das golden-share e no escândalo do BPN.

As consequências da aplicação deste programa de submissão e agressão, assente no agravamento da exploração, emanação da natureza do capitalismo, do processo de integração da UE e da continuação da política de direita, abatem-se sobre os trabalhadores, o povo e o País, com empobrecimento, mais desemprego, recessão e mais falências, menos produção, mais dependência e afundamento do País, num desastre que está em curso e é preciso impedir.

Há alternativa: uma política patriótica e de esquerda que tem como componente essencial a valorização do trabalho e dos trabalhadores, dos seus salários, direitos e condições de vida, no combate à exploração, na afirmação do projecto emancipador que o PCP protagoniza e a Constituição da República consagra.

Neste segundo semestre de 2011, quando está em curso a mais brutal agressão que o capital, os seus representantes e servidores desencadearam desde o fascismo, uma exigência principal se coloca: desenvolver, alargar e intensificar a luta, combater a exploração, derrotar o pacto de submissão e agressão, abrir o caminho dum Portugal com futuro, da soberania, da democracia avançada e do socialismo. 


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Requerimento á Câmara sobre construção no Porto de Mós



Assembleia Municipal de Lagos  
8600-668 Lagos
                      

Requerimento                

                                      Exmo. Sr.

                                      Presidente da Assembleia Municipal de Lagos

                              
                                 José Manuel da Glória Freire de Oliveira, Membro da

Assembleia Municipal de Lagos, pela  CDU, requer a V. Exa. o seguinte:

                                                                                                      

     Que seja solicitado à Câmara Municipal de Lagos informação e  fotocópia dos seguintes documentos, referentes à construção prevista em nome da empresa Omniasol no Porto de Mós  :
1.      Data da entrada do projecto na Câmara Municipal de Lagos.
2.      Planta de implantação.
3.      Memória descritiva do projecto.
4.      Pareceres técnicos e jurídicos da CML e de entidades exteriores e respectivos despachos.
5.      Data da aprovação final do projecto pela Câmara Municipal e data da emissão de licença de construção.



                                                               Lagos,  24  de Agosto  de 2011

                                                                  O Requerente

                                                       


O acima requerido foi fornecido ao requerente no dia ___/ ___/________
           
                                                                                  O Funcionário

                                                                       _______________________


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Sobre o Inquérito ao Emprego do 2º trimestre de 2011



Sobre o Inquérito ao Emprego do 2º trimestre de 2011
                                               
                                          
O INE acabou de divulgar os dados resultantes do Inquérito ao Emprego do 2º trimestre de 2011. A taxa de desemprego em sentido restrito calculada para este trimestre é de 12,1%, o que corresponde a 675 mil desempregados. Em sentido lato, isto é, incluindo o subemprego visível e os inactivos disponíveis, a taxa desemprego situa-se nos 17,5%, o que corresponde a 997 500 desempregados.

Dada a quebra de série que se regista no inquérito ao Emprego a partir do 1º trimestre de 2011 não é possível calcular a variação homóloga do desemprego e desta forma poder analisar o comportamento da taxa de desemprego no mesmo período do ano em dois anos consecutivos (2010 e 2011).

Pelo facto de o desemprego em cadeia ter baixado do 1º para o 2º trimestre de 2011 (de 12,4% para 12,1%), não se pode concluir que o desemprego baixou, trata-se de períodos diferentes do ano, que como tal não são comparáveis. A análise do emprego e do desemprego em termos trimestrais ao longo dos vários anos mostra-nos que por norma o desemprego baixa no 2º trimestre do ano, período do ano em que são efectuadas as contratações sazonais que antecedem o período de verão. A título de exemplo refira-se que só na região do Algarve do 1º para o 2º trimestre a taxa de desemprego baixou de 17% para 14,7% e o nº de pessoas à procura de emprego baixou em 5 000. 

Dos dados agora divulgados destacamos o elevadíssimo nível de desemprego registado no desemprego jovem (27%), o nível de desemprego das mulheres (12,4%), bem como o elevado nível atingido pelo trabalho precário no nosso país (31,1%), ou seja 1 milhão e 200 mil trabalhadores. 

O PCP reafirma a necessidade de uma política alternativa, patriótica e de esquerda, assente na promoção do investimento, na valorização dos rendimentos dos trabalhadores e dos reformados e no apoio às pequenas e médias empresas indispensável à dinamização do mercado interno, no aumento da produção nacional, que por si implicam a rejeição do programa de agressão e submissão.

Só assim se dinamizará de uma forma coerente a criação de emprego e se combaterá de forma consequente os elevadíssimos níveis de desemprego e precariedade que perduram na nossa economia e que os projectos do Governo de facilitação e embaratecimento dos despedimentos acentuarão.


17.8.2011
O Gabinete de Imprensa do PCP

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Os Artistas da Festa

Os Artistas da Festa
                              
Xutos e Pontapés
      
         
Sérgio Godinho

      
Trovante

                                       
e muitos mais...

                                                                




segunda-feira, 15 de agosto de 2011

ISTO JÁ NÃO É DEMOCRACIA


                                        Isto já não é Democracia                          
texto por José Veloso                            
 
Soa gritada pelas ruas e praças deste País uma pergunta angustiante, misto de perplexidade  e indignação, mas que raio de democracia é esta?                         
A resposta, é a legitimação da pergunta. Pois que esta democracia, só o é na forma e no nome, além de que contem a negação do seu próprio conteúdo. Senão, vejamos.                                                             

A democracia, foi inventada há milénios, com o ideal da perfeição, pela, aceitemos esse nome para simplificar, civilização da Grécia Clássica. Mas antes da invenção da democracia, foi ali inventada uma outra coisa, a filosofia. E, daí, desse encontro, nasceu então essa forma de vivência e governo, a democracia, baseada na inteligência e no raciocínio, e destinada à criação do bem estar e felicidade.
Reparemos, com atenção, na essência do que ela era. Definia-se pelo Poder pertencer exclusivamente aos cidadãos de pleno direito, em rigorosa igualdade de direitos, de deveres, de eleger e de ser eleito, independentemente de condição social ou económica. Funcionava sob intenso e permanente debate, em fóruns públicos, de ideias, opiniões, e abordagens filosóficas sobre os rumos da governação, e acerca da Cidade, no seu mais amplo sentido de autarquia. Baseava-se na perfeita autonomia e independência política e económica da Cidade-Estado. Não permitia, e defendia-se, até pelas armas, de qualquer espécie de ingerência externa.

A actual chamada democracia ocidental, reclama-se de ser a herdeira directa dessa democracia original, corrigidas as imperfeições da conjuntura da época. Comparemo-las, naqueles aspectos essenciais, nomeadamente com o que acontece na nossa terra e no nosso País.

E dessa comparação, se é isenta e livre de compromissos, é irrecusável uma conclusão que, em relação ao que acontece hoje, só pode ser uma nova formulação da pergunta original, e que será mas é isto é que é a democracia ? 

De facto, não é. No que hoje nos é apresentado, está destruída a equidade dos direitos dos cidadãos, com a invenção da classe política, reservando para os seus auto-nomeados membros os cargos e benesses da governação, cujos lugares distribuem entre si. Está anulado o debate de ideias, substituído pelo espectáculo circense da propaganda pessoal nas campanhas eleitorais, onde é determinante o volume de dinheiro despendido. Está desaparecida a autonomia, condicionada pelos grupos de pressão  dos centros de poder financeiro, que dominam o País.  Está permitida a ingerência exterior, sob forma que determina que as orientações da governação sejam dirigidas aos grandes lucros dos poderosos.

Em resumo, está desmantelado o ideal democrático da qualidade de vida da população.

É verdade que existe legislação, dita básica, para funcionamento da democracia. A  liberdade individual. O voto universal e secreto. A liberdade de expressão. A livre organização dos cidadãos em todos os campos de actividade. Mas tudo, na realidade, com a sua prática quási totalmente condicionada, chegando a ser impossibilitada, pelos poderes dominantes e interesses instalados. Que não só controlam a vida financeira, como dominam a formação da opinião pública pela manipulação, através da posse e domínio dos meios de comunicação social, da informação que chega aos cidadãos.

Como também é verdade que existem efeitos perversos, que, com raiz na impunidade que os mandantes criaram para si, originaram um clima generalizado de mentira e corrupção, onde se anula a eficácia dos direitos constitucionais, roubando os actos da governação ao controle, em tempo útil, pelos cidadãos, cuja intervenção está resumida ao falsificado juízo eleitoral periódico.
E assim, da democracia resta apenas o feitio. É justa a dúvida contida na pergunta.

Pelo que é legítima e indispensável a luta do PCP pela verdade na vida democrática.


José Veloso, AGOSTO. 2011




IVA sobe de 6% para 23% na Electricidade e Gás



IVA sobe de 6% para 23% na Electricidade e Gás, a partir de Outubro
                                                           
O governo anunciou hoje de manhã a subida da taxa do IVA sobre o consumo de electricidade e gás natural dos actuais 6% para 23%, com efeitos a partir de Outubro próximo, estimando desta forma aumentar as suas receitas com o IVA em 100 milhões de euros, por trimestre.
                                                                                                                 
Depois de no início do ano as tarifas eléctricas terem aumentado 3,8%, com mais esta subida de 16% no último trimestre, no início de 2012 as famílias portuguesas verão a sua factura eléctrica agravada em pelo menos 20,4%, quando comparada com Janeiro de 2011, ao mesmo tempo que muitas delas caíram no desemprego ou viram os seus salários e pensões diminuir.

Com esta medida que irá afectar mais de 6 milhões de consumidores em Portugal, as empresas e as famílias portuguesas passam a suportar das tarifas eléctricas mais elevadas dentro do espaço comunitário, isto num dos países com mais baixo poder de compra. O que quer dizer que, em paridades de poder de compra, Portugal terá a partir de Outubro próximo as tarifas eléctricas mais elevadas dentro do espaço comunitário.

A aprovação desta medida que terá um impacto extremamente negativo não só sobre os orçamentos familiares como também sobre os custos de produção das nossas empresas, prova que o actual Governo PSD/CDS mente quando pretende mostrar-se preocupado com a competitividade das nossas empresas, já que ao aprová-la aumenta automaticamente os custos de produção e reduz essa mesma competitividade para níveis incomportáveis para muitas delas, contribuindo assim para a sua falência.


12.8.2011
O Gabinete de Imprensa do PCP

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Descida da TSU é agravar a exploração


                      

Descida da TSU é agravar a exploração                  



O relatório de desvalorização fiscal apresentado pelo Governo afirma 3 aspectos que o PCP já tinha denunciado: a descida da TSU não garante maior competividade das empresas; há uma transferência na distribuição do rendimento nacional do factor trabalho para o factor capital, esta operação põe em causa o carácter público da Segurança Social.


http://www.pcp.pt/descida-da-tsu-%C3%A9-agravar-explora%C3%A7%C3%A3o

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O abono de família a crianças e jovens – um direito a abater


Por Anselmo Dias:                                 

O Abono de família a crianças e jovens
- um direito a abater
                                           


O itinerário da demagogia envolve tantos ou mais caminhos do que aqueles que vão dar a Roma.                                              
A demagogia, expressão antiga proveniente da Grécia Clássica, não é mais do que, utilizando um bom português, a arte de iludir o povo com toda a pinta.
A demagogia é, pois, fazer crer a uma parte significativa da população aquilo que ela gostaria de ter, pelo que a promessa do demagogo é um bem rentável, ou seja, obtém um apoio certo em troca de nada.
Os exemplos do nefasto efeito da demagogia são inúmeros e variados.
Vejamos, a título de exemplo, o caso do abono de família.

Comecemos pelo ano de 1997.
1997 marca o início do desmantelamento das prestações sociais atribuídas às crianças e jovens.
Nesse ano o governo de António Guterres, tendo como ministro do Trabalho e da Segurança Social o dr. Ferro Rodrigues, acabou com o subsídio de aleitação e com o subsídio de nascimento, cujos valores foram integrados no «subsídio familiar a crianças e jovens», nova designação do chamado «abono de família», formulação que iremos continuar a usar neste texto.
Extintos tais subsídios, o governo de António Guterres, embora declarando a universalidade do «abono de família», dividiu-o em três escalões em função do rendimento familiar indexado ao salário mínimo nacional.
O desaparecimento do subsídio de aleitação e do subsídio de nascimento acrescido da divisão do «abono de família» em três escalões constituem o gérmen da destruição de um direito levado a cabo nos governos seguintes de Durão Barroso e de José Sócrates.
Não obstante as malfeitorias de António Guterres a verdade é que em nome da demagogia o seu governo fez inscrever no Decreto-Lei 133-B/97 de 30 de Maio esta preciosidade:
«O subsídio familiar a crianças e jovens é uma prestação mensal que visa compensar os encargos familiares respeitantes ao sustento e educação dos descendentes do beneficiário».
Quando se diz que o «abono de família» se destina a suportar despesas com alimentação e educação, conferindo, naquela altura, a uma criança com mais de 12 meses inserida num agregado familiar do 3.º escalão, 2770$00, ou seja cerca de 14 euros, está tudo dito quanto à arte de iludir o povo com toda a pinta.
Passados quatro anos, em nome do propalado conceito de «discriminação positiva», ou seja, diferenciar o usufruto em vez de diferenciar o pagamento de impostos, o mesmo governo de António Guterres passou de três para quatro os escalões.

As malfeitorias do governo de Durão Barroso

Entretanto o mano siamês do PS, o PSD, chega ao poder.
Em Agosto de 2003, subscrito, entre outros, por Durão Barroso e Bagão Félix é publicado o Decreto-Lei 176/2003 de 2 de Agosto, em cujo preâmbulo é referido que «Nesta conformidade e porque a família constitui um elemento fundamental da sociedade, importa fomentar, na definição das políticas sociais, a introdução de medidas que garantam uma progressiva melhoria das condições de vida dos seus membros, designadamente através da concessão de prestações sociais mais justas e eficazes».
Para alicerçar tão ínclito propósito o governo de Durão Barroso introduziu seis escalões no abono de família indexados aos rendimentos familiares, tendo como base de cálculo o salário mínimo nacional.
Passados cerca de três meses e meio, em 20/11/2003, a manha da coligação PSD/CDS-PP é primorosamente evidenciada ao acabar com o 6.º escalão sem que tivesse havido formalmente um diploma a expressá-lo com clareza.
Com efeito, aquilo que havia sido imposto num Decreto-Lei é manhosamente arredado por uma Portaria assinada por Maria Manuela Dias Ferreira Leite e por António José de Castro Bagão Félix.
Com esta decisão é colocado um fim à universalidade do «abono de família» cujos beneficiários atingidos são todos aqueles com rendimentos de referência superiores a cinco vezes o salário mínimo nacional.
É neste contexto que uma criança com mais de 12 meses inserida numa família do 5.º escalão recebe um subsídio mensal de 10 euros, para que, com tal valor, possa comer e aceder aos serviços de Saúde.
Quando falamos em demagogia, também é disto que falamos.
Quando falamos em demagogos, também é de Durão Barroso e de Bagão Félix que falamos.

As malfeitorias do governo de José Sócrates

O governo de José Sócrates dizia em Setembro de 2007, no Decreto-Lei 308-A/2007, que: «A família constitui, no actual contexto sócio-económico, um espaço privilegiado de realização pessoal e de esforço da solidariedade intergeracional, sendo dever do Estado a cooperação, apoio e incentivo ao papel insubstituível que a mesma desempenha na comunidade».
No ano seguinte, em Maio de 2008, no Decreto-Lei 87/2008, o já referido José Sócrates repetia, ponto por ponto, o texto atrás referido.
No mesmo ano de 2008, através da Portaria 425/2208 de 16 de Junho, o governo do PS declarava: «A melhoria das políticas sociais direccionadas às famílias mais numerosas e carecidas de apoio sócio-económico continua a constituir uma das preocupações dominantes do Programa do XVII Governo Constitucional».
Em 14 de Maio de 2009 os mesmos enfatizavam o seguinte: «As actuais tendências demográficas, caracterizadas por um envelhecimento progressivo da população, a par de uma conjuntura económica desfavorável a nível internacional, com as consequentes repercussões na economia interna, têm determinado a adopção de um conjunto de medidas, no sentido de, por um lado, apoiar a natalidade e, por outro lado, adoptar medidas de apoio financeiro às famílias»
Passado um ano, em Outubro de 2010, toda a lengalenga atrás referida é deitada ao caixote do lixo porque José Sócrates entendeu que:
«É essencial dar sinais claros e inequívocos do esforço de consolidação das finanças públicas que Portugal está a efectuar, reforçando a credibilidade financeira junto dos mercados internacionais. Este sinal é essencial para melhoria das condições de financiamento da economia, das empresas e das pessoas».
Em nome dos mercados internacionais o governo extingue o 4.º e o 5.º escalões do abono de família, ao mesmo tempo que regride em tudo o que diz respeito a majorações no abono de família pré-natal, nas majorações correspondentes aos 2.º e 3.º filhos, bem como às majorações atribuídas às famílias monoparentais.
De uma penada foram arredadas de tais direitos cerca de 700 000 crianças e jovens.
O dr. Medina Carreira e respectiva confraria devem ter ficado com as mãos vermelhas de tanto terem aplaudido tal medida.

Passos Coelho e a chamada «sociedade civil»

O desmantelamento do abono de família – iniciado por António Guterres, continuado por Durão Barroso e acelerado por José Sócrates – vai ter seguramente com Passos Coelho uma nova etapa.
A etapa de que o abono de família não é um direito de cidadania atribuído universalmente às crianças e jovens, mas antes, no plano social, algo a ser concedido restritivamente, a uns poucos, no âmbito da caridade e do assistencialismo.
O Estado, dizem «eles», não tem vocação para a atribuição dessa minudência designada por «abono de família».
A «sociedade civil» é, segundo os interesses dominantes que dominam o actual Governo, a entidade vocacionada para resolver esse e outros problemas de natureza social.
A sociedade civil – leia-se: a maior parte das IPSS, Misericórdias, Centros Paroquiais, Cáritas e organizações afins dominadas pela Igreja – está já a esfregar as mãos de contentamento e a abrir os cordões à bolsa, não para a saída de dinheiro mas para a sua entrada, com o argumento de que é capaz de, comparativamente ao Estado, gerir melhor os dinheiros dos contribuintes.
É neste contexto, apoiando as medidas do Governo, que o Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo, vem publicamente a terreiro dar a sua concordância ao imposto sobre o subsídio de Natal com o falso argumento de que o mesmo é igual para todos, quando ele sabe perfeitamente que nem todos os rendimentos estão abrangidos por aquele roubo imposto à generalidade dos trabalhadores por conta de outrem.
Por outro lado, o Cardeal sabe perfeitamente que Portugal é um dos países da Europa com as maiores diferenças sociais, tendo como referência o coeficiente entre os rendimentos dos 20% mais pobres e dos 20% da população mais rica. Sobre isto é ensurdecedor o silêncio do Bispo de Lisboa.
A par da Igreja, o sistema financeiro está também a esfregar as mãos de contentamento com o anúncio do plafonamento, ou seja, remeter para banca e para as companhias de seguros uma parte dos descontos que cabe ao sistema público de Segurança Social.
Com esta medida, caso o povo português não a impeça, Passos Coelho resolve três questões:
E  estrangula financeiramente a Segurança Social e, assim, arranja o pretexto para fomentar, até aos limites máximos impostos pelo neoliberalismo, a caridade e o assistencialismo;
garante aos seus mandantes, ou seja, ao BCP, ao BES, ao BPI e ao restante sistema predador da nossa economia, recursos baratos, obtidos internamente, evitando o recurso ao crédito externo, factores que potenciam não só a maximização dos lucros como a acentuação do poder do sistema financeiro;
possibilita ao senhor Belmiro de Azevedo, ao senhor Alexandre Soares dos Santos, aos accionistas da EDP, da PT, da GALP e de outras grandes empresas deixarem de pagar à Segurança Social 23,75% sobre a componente salarial acima do valor atribuído ao plafonamento, ou seja, tais empresas vão ver crescer os seus lucros por via da diminuição dos custos do trabalho.
Ora acontece que vários destes grandes empresários estiveram, com mediático destaque, na recente campanha eleitoral ao lado do PSD, embora não saibamos se os mesmos tenham participado nalguns dos almoços da referida campanha, incluindo os grátis. Sobretudo nestes.

A luta pela universalidade do abono de família
está na ordem do dia

Como atrás foi referido o abono de família foi primeiramente afectado no que diz respeito ao princípio da universalidade e, posteriormente, violentamente restringido.
Os governos que limitaram e limitam o direito de cidadania das crianças e jovens em nome do défice orçamental são os mesmos governos que fazem vista grossa à corrupção, e que não só não beliscam os interesses dos banqueiros como não ousam tomar medidas na taxação das grandes fortunas, por forma a uma mais equilibrada repartição do rendimento disponível das famílias.
É preciso, pois, repor o princípio da universalidade, abrangendo todas as crianças, quer sejam oriundas de famílias ricas, quer sejam oriundas de famílias pobres, cujos encargos devem ser assegurados no âmbito da fiscalidade e não no âmbito do usufruto dos direitos, ou seja, a chamada discriminação positiva deve ser efectuada nos impostos e não no âmbito do subsídio, entendimento que não é aceite pela direita e pela generalidade dos comentadores, designadamente pelo professor Marcelo.
Nesse contexto é importante salientar que o PCP, no passado dia 8 de Julho, apresentou na Assembleia da República um Projecto de Lei cujo conteúdo revoga todas as malfeitorias levadas a cabo pelos governos do PS e PSD, repondo a estrutura inicial que assegurava a todas as crianças o abono de família e colocando este subsídio no plano dos direitos e da universalidade, como acontece com a escola pública e com o Serviço Nacional de Saúde onde todos devem ser tratados de forma igual, independentemente da sua origem.




terça-feira, 2 de agosto de 2011

Pergunta ao Governo: por Paulo Sá Deputado do PCP pelo Algarve



Pergunta ao Governo 254/XII/1                                    

Apoio à construção da nova sede da Associação Recreativa e Cultural de Músicos (Faro, Algarve)                                 
        
Sexta 29 de Julho de 2011                            

A Associação Recreativa e Cultural de Músicos, fundada em 1990, é um exemplo singular de um projecto que tem vindo a proporcionar aos farenses e aos algarvios muitas das condições necessárias à criação e fruição culturais.
Contando com mais de 500 sócios, conseguiu criar, praticamente sem apoios, um espaço com 18 salas de ensaio, uma sala de espectáculos com capacidade para mais de mil pessoas e um estúdio de gravação, acolhendo 31 bandas com mais de 150 músicos de todos os estilos musicais, além de disponibilizar apoio a grupos de teatro, de dança e de outras expressões artísticas. A sala de espectáculos afirmou-se como uma verdadeira sala multiusos ao serviço da cidade de Faro e da região, realizando-se aí concertos, peças de teatro, projecção de filmes, desfiles de moda, exposições, workshops, provas desportivas, entre outras actividades. Além disso, a Associação Recreativa e Cultural de Músicos colabora com o Instituto da Droga e Toxicodependência em programas de combate à toxicodependência e reinserção social de jovens em recuperação.
A Associação Recreativa e Cultural de Músicos foi alvo, recentemente, de uma acção de despejo da sua actual sede, sita na rua General Gomes Freire, por parte da entidade proprietária do imóvel que pretenderia promover para o local um empreendimento imobiliário de luxo. Esta acção, a concretizar-se, põe em risco a continuidade do projecto da Associação, cuja importância ultrapassa o âmbito local, desempenhando um papel crucial na dinâmica cultural da região.
Os últimos desenvolvimentos judiciais, nomeadamente, a decisão do Tribunal da Relação de Faro que obriga à realização efectiva de audiência de julgamento, não afastam a hipótese de despejo. Mas mesmo que este despejo não se venha a concretizar, o contrato de arrendamento da sede da Associação termina no dia 31 de Outubro de 2012, tendo a entidade proprietária do imóvel informado que não pretende renovar o contrato.
Na iminência de perder o actual espaço da sua sede, a Associação Recreativa e Cultural de Músicos tem travado uma batalha contra o tempo na procura de uma alternativa. A Câmara Municipal de Faro manifestou já a sua intenção de ceder um terreno à Associação para a construção da nova sede, situado perto do loteamento da Horta do Ferragial, fora da malha urbana principal da cidade, mas dispondo de fácil acesso. De acordo com o ante-projecto, a nova sede Associação Recreativa e Cultural de Músicos irá dispor de duas salas de espectáculos com capacidade para 1272 e 300 pessoas, 50 salas de ensaio, um estúdio de gravação, apoios de palco, áreas técnicas e administrativas e bar.
Contudo, a cedência de um terreno pela autarquia farense não resolve por si só o problema. São ainda necessários pareceres de entidades oficiais, os quais poderão demorar muito tempo a obter (por exemplo, o parecer da Administração da Região Hidrográfica do Algarve demorou 6 meses a ser emitido), tempo que a Associação Recreativa e Cultural de Músicos não dispõe devido à acção de despejo e ao fim do contrato de arrendamento em Outubro do próximo ano. Será ainda necessário um investimento avultado para a concretização da obra da nova sede, que a Associação, sozinha, terá dificuldade em assumir.

Pelo exposto e com base nos termos regimentais aplicáveis, vimos por este meio perguntar ao Governo, através da Secretaria de Estado da Cultura, o seguinte:

1. Tem o Governo conhecimento desta situação?

2. Reconhece o Governo a importância da actividade desenvolvida pela Associação Recreativa e Cultural de Músicos ao longo dos 21 anos da sua existência e o papel crucial que teve e continua a ter na dinâmica cultural da região?

3. Está o Governo disponível para intervir junto dos organismos oficiais por si tutelados, no sentido de acelerar a emissão de todos os pareceres necessários à utilização do terreno a ceder pela Câmara Municipal de Faro para a construção da nova sede da Associação Recreativa e Cultural de Músicos?

4. Está o Governo disponível para apoiar financeiramente a Associação Recreativa e Cultural de Músicos na construção da sua nova sede?
Assembleia da República, em 29 de Julho

 
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