Porquê este blogue?

Num tempo muito inquietante, marcado por uma forte ofensiva ideológica, com a qual os média dominantes fazem chegar todos os dias a milhões de pessoas a desinformação organizada com o objectivo de servir e defender os interesses do grande capital, a leitura e divulgação de informação progressista e revolucionária é crucial para todos os que assumem como referência maior os valores e ideais de ABRIL!

A LUTA CONTINUA!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

POSTO DA GNR DE LAGOS



PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS   
Grupo Parlamentar  
     
Governo recusa-se a clarificar as suas intenções 
relativamente às futuras instalações 
do Posto da GNR de Lagos
       
Comunicado:
No passado dia 27 de dezembro, o Grupo Parlamentar do PCP questionou o Governo, através do Ministério da Administração Interna, exigindo uma clarificação sobre a possibilidade de o destacamento da GNR do concelho de Lagos ser transferido para as instalações da GNR de um concelho vizinho. Tal hipótese – rejeitada liminarmente pelo PCP – havia sido admitida pelo Governo em resposta à pergunta n.º 3939/XII/1ª (PCP), de 13 de setembro de 2012.
Na mesma pergunta de 27 de dezembro de 2012, o Grupo Parlamentar questionou ainda o Governo sobre o início das obras de remodelação e recuperação do edifício cedido pela Câmara Municipal de Lagos com vista a uma rápida transferência do Posto Territorial da GNR de Lagos para instalações condignas.
Quase dois meses depois, o Ministro da Administração Interna, na sua resposta ao Grupo Parlamentar do PCP, limitou-se a repetir, palavra a palavra, as informações prestadas anteriormente, em resposta à pergunta n.º 3712/XII/1ª de 26 de julho de 2012, deixando sem resposta as perguntas concretas colocadas pelo PCP no dia 27 de dezembro de 2012.
Esta recusa do Ministério da Administração Interna em clarificar as suas intenções relativamente às futuras instalações da GNR – depois de já ter reconhecido que as atuais instalações se encontram degradadas e desajustadas face às necessidades do serviço – representa um inaceitável desprezo pelas condições de trabalho dos profissionais da Guarda Nacional Republicana, assim como pela população do concelho de Lagos.
O PCP continuará a exigir ao Governo a calendarização das obras de construção, remodelação ou adaptação dos postos da GNR do Algarve, dotando-as de condições condignas para os profissionais da Guarda e para o atendimento dos utentes.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

ASSEMBLEIA MUNICIPAL - PROPOSTA DA CDU

8 de Março 2013- Dia Internacional da Mulher  
Pelo direito a ter direitos - um futuro digno para as mulheres
                                             


•    Em 1910, a professora, jornalista e política alemã, Clara Zetkin, propôs numa Conferência Internacional de Mulheres a comemoração de um Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, dia de manifestação pela emancipação das operárias e pelo direito ao voto, que viria a ser celebrado pela primeira vez em 1911.

•    A afirmação do 8 de Março em Portugal é fundamental para homenagear as mulheres que, antes de nós, lutaram pelos direitos das mulheres e contra a discriminação, bem como para exigir as condições necessárias a uma vida digna.

•    E, hoje, mais do que nunca, importa realizar essa homenagem, chamando a atenção para o desespero quotidiano  que atormenta a vida de tantas, tantas mulheres. Recorde-se que a taxa de desemprego entre as mulheres portuguesas segundo o INE no 4º trimestre de 2012  era  de 17,1%  face aos 16,8% verificada entre os homens.
 
•    O Orçamento de Estado para 2013 é um documento altamente penalizador para o povo português, particularmente para as mulheres. A alteração da taxa de IVA aplicada a produtos essenciais, o aumento dos preços dos transportes (tarifas e passes sociais),  da luz, do gás, nos combustíveis, nas telecomunicações, na educação e na saúde conduzem as famílias portuguesas para o desastre. Estes aumentos brutais agravam em muito as despesas familiares sobrando para as mulheres, quase sempre, a árdua tarefa de gestão do orçamento familiar.
 

•     A dificuldade no acesso aos cuidados de saúde, o aumento das taxas moderadoras nos hospitais e nos centros de saúde, as alterações negativas nas comparticipações dos transportes de doentes, o aumento dos preços de medicamentos  e a alteração ou desaparecimento das comparticipações e das isenções, são questões fundamentais que atingem as populações, particularmente as mulheres.

•    As medidas impostas geram um aprofundamento da pobreza e a exclusão social e conduzem a um aumento de todas as formas de violência, incluindo a violência doméstica, a prostituição e o tráfico de pessoas, os problemas das pessoas imigrantes ou com deficiência. Estas são situações que atingem de forma mais dramática as mulheres, colocando-as numa situação de vulnerabilidade e desigualdade.

Face ao exposto, a Assembleia Municipal de Lagos, reunida em 25 de Fevereiro de 2013 delibera:

1.    Saudar todas as mulheres do nosso Município, do País  e do Mundo, celebrando o Dia Internacional da Mulher como uma jornada de comemoração, mas também de homenagem à luta pelos direitos das mulheres.

2.    Exortar todas as mulheres para que, à semelhança das que em 1910 saíram às ruas, defendam os seus direitos e lutem pela igualdade na lei e na vida e por um futuro mais digno.

3.    Reclamar do Governo uma mudança de rumo, seguindo políticas que garantam às mulheres e aos homens do nosso país uma vida digna e com qualidade, que assegurem a igualdade e a não discriminação e que contribuam para um país equilibrado e justo.

4.  Dar conhecimento desta moção ao Governo, à Assembleia da República e aos órgãos de comunicação social.

Lagos, 25 de Fevereiro de 2013

                                                                                       O Eleito da CDU
                                                                                             Celso Costa 

Aprovada por maioria

ASSEMBLEIA MUNICIPAL - PROPOSTA DA CDU

DESEMPREGO CALAMIDADE NACIONAL
                                                   
                                          

1. Os dados divulgados pelo INE referentes ao Inquérito ao Emprego do 4º trimestre de 2012, confirmam a tendência de agravamento do desemprego e de destruição do emprego dos últimos anos e em especial após a assinatura do Memorando da Troika. Nos  últimos 18 meses foram destruídos em Portugal 361 200 postos de trabalho, mais 248 200 trabalhadores foram para o desemprego e a taxa de desemprego em sentido restrito agravou-se 39,7%, passando de 12,1% para 16,9%.

2. No 4º trimestre de 2012 o desemprego em sentido restrito atingiu os 923 200 trabalhadores (16,9%)  e  em  sentido  lato      número  mais  próximo  da  realidade  -                      
 1 443 900 trabalhadores (25,3%). A região do Algarve, é neste contexto, a zona do país onde o desemprego é maior com uma taxa em sentido restrito de 19,7%, e em sentido lato próximo dos 28%, ou seja mais de 70 mil trabalhadores nesta situação.

3. Outros dados impressivos destes resultados agora divulgados são sem dúvida: o facto da taxa de desemprego dos jovens, apesar da sua taxa de actividade ser bem inferior à dos outros grupos etários, ter atingido os 40%, o facto de 56,3% dos desempregados         ( 519 900 ) estarem no desemprego há mais de um ano e de 148 600 desempregados serem licenciados ( mais 37,6 % do que no 4º trimestre de 2011 ).

4. Os dados agora divulgados provam que este Governo e a política de direita são uma máquina de destruição de empregos, de criação de desemprego e de condução de milhares e milhares de trabalhadores e famílias à miséria e à pobreza.

 5 .A concretizar-se nos próximos meses:  a contínua quebra  no investimento público
e privado com impactos na Construção Civil; o encerramento de centenas de pequenas empresas – restauração; hotelaria; comércio local; reparação automóvel; etc – vítimas da quebra do poder de compra da população, da asfixia fiscal e do favorecimento das grandes empresas. A situação do desemprego tenderá a agravar-se ainda mais na nossa  região.


A Assembleia Municipal de Lagos reunida em 25 de Fevereiro de 2013 delibera:

1.    Manifestar junto do Governo, Assembleia da República e Presidência da República a sua grande preocupação e o seu mais vivo protesto pela situação em que se encontram centenas de milhares de trabalhadores do nosso país.
2.    Exigir ao Governo, Assembleia da República e Presidência da República uma nova politica e um novo rumo para o Algarve e para o País
3.    Enviar esta proposta ao Governo, Assembleia da República, Presidência da República e aos órgãos de comunicação social.

Lagos, 25 de Fevereiro de 2013

                                                                                        O Eleito da CDU
                                                                                            Celso Costa

-APROVADA POR MAIORIA-

           

domingo, 24 de fevereiro de 2013

DEGRADAÇÃO DA SITUAÇÃO SOCIAL E ECONÓMICA DO PAÍS


Os novos projectos de austeridade e a degradação da situação económica e social do país
                                


Mais austeridade, declínio, exploração e empobrecimento, é o que o governo anuncia e pretende impor a propósito da chamada sétima avaliação da Troika, realizada no quadro do aprofundamento da recessão que o próprio governo foi forçado a reconhecer. Ou seja o prosseguimento das falências, desemprego e endividamento.
                                         
O descalabro económico e social a que a actual política tem conduzido está cada dia que passa mais presente no País, como ainda ontem os dados da execução orçamental do primeiro mês deste ano confirmaram. Com o endividamento a atingir no fim de 2012 um novo recorde histórico - 122,5% do PIB - e com o ano de 2013 a começar em queda como terminou o anterior, devido aos efeitos da profunda recessão em que o nosso País está mergulhado, a fazer sentir-se na queda continuada da receita fiscal e das contribuições para a segurança social e das despesas com o subsídio de desemprego a subirem (como resultado do aumento em flecha do desemprego), a situação económica e social só pode vir a agravar.

O que Portugal precisa para pôr fim à espiral de austeridade e recessão em que foi mergulhado não é de manobras e falsas soluções que o governo (e também o PS) apresentam para iludir causas e responsáveis, mas, como o PCP propôs em 5 de Abril de 2011, a inadiável renegociação da dívida, nem de mais tempo de ingerência que só prolongará a agonia económica e social imposta ao País e aos portugueses.

O que se exige é rejeitar o Pacto de Agressão que PS, PSD e CDS subscreveram com a Troika estrangeira – Comissão Europeia, BCE e FMI.
No caos económico, social e político a que conduziram o País não poupam palavras para tentar mistificar e enganar. É assim que o Governo PSD/CDS e também o PS, procuram confundir a “reestruturação do Memorando/Pacto de Agressão” com a inadiável renegociação da dívida proposta pelo PCP e que outras forças e individualidades sociais e políticas crescentemente vêm reclamando.

A “reestruturação” do Governo e do PS, começa por ser o reconhecimento do falhanço das medidas e condições do Pacto na resposta aos desequilíbrios estruturais do País (e logo as razões do PCP) mas limita-se a tentar melhorar os prazos e juros no pagamento do “empréstimo” da Troika. Não põe em causa as gravosas imposições e condicionantes do “memorando” de submissão e dependência, nem permite o desenvolvimento das políticas capazes de romper com a espiral de austeridade e recessão, e assegurar um processo sustentável de remissão da dívida pública.

O PS, quer no Documento Seguro/Costa quer na dita carta à Troika, não propõe nada de muito diferente, com a excepção da grande mistificação de uma “salvação” vinda da União Europeia, sustentada num mirífico reforço significativo do Orçamento Comunitário que todo o processo das “dívidas soberanas” e as decisões recentes do Conselho Europeu desmentem!
A resposta ao descalabro económico e social a que a actual política tem conduzido o País exige uma verdadeira renegociação da dívida como a que o PCP defende; envolvendo uma avaliação da sua dimensão legítima e um serviço de dívida (prazos, amortizações e juros) compatível com o crescimento económico e políticas orientadas para o aumento da produção nacional, a dinamização do mercado interno e a criação de emprego.

O corte adicional de 800 milhões agora anunciado pelo governo para 2013 (esse inaceitável “plano B” de reforço de medidas de austeridade) – somar-se-á ao insuportável Orçamento do Estado para este ano para destruir a vida dos trabalhadores e das famílias. Corte orçamental que constitui a primeira expressão da intenção de devastar o que resta de direitos, de funções sociais e de rendimentos do povo, sob a capa da chamada refundação do Estado e de um novo corte de 4 mil milhões, que o grande capital e os partidos ao seu serviço têm em curso.
É esta de facto “a nova fase do novo programa de ajustamento”, anunciada pelo governo e não a mentira afirmada da “sustentabilidade do crescimento e a criação de emprego”, de que o PS não se afasta, ao acrescentar à “reforma do Estado” do PSD/CDS, a reforma da Justiça, da Segurança e da Defesa Nacional.

Corte que em si mesmo testemunha que por cada dia a mais a que Portugal esteja sujeito a esta política, por cada dia passado sem a inadiável renegociação da dívida significará mais sacrifícios, mais exploração, mais dificuldades em fazer sair o país do pântano em que está atolado.
Pôr fim à espiral de austeridade, à recessão, à infernização da vida do povo e ao rumo de afundamento nacional é hoje inseparável da demissão de um governo sem credibilidade, da devolução da palavra ao povo através de eleições antecipadas e da concretização de uma política patriótica e de esquerda que rompa com o ciclo da política de direita que PSD e PS com ou sem CDS, alternadamente têm conduzido.

É possível uma política e um governo patrióticos e de esquerda, que coloquem no centro da sua acção os direitos da grande maioria do povo português e os interesses nacionais. Existem em Portugal forças, valores e energias, bastantes e capazes de romper com o ciclo de governos da política de direita, para dar corpo a uma solução política, um governo patriótico e de esquerda ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País.
Resgatar o país da dependência e da submissão, recuperar para o país os seus recursos e sectores estratégicos, devolver aos trabalhadores e ao povo os seus direitos, salários e rendimentos, são estes os objectivos que podem assegurar aos trabalhadores e pequenos empresários, aos reformados e jovens uma vida digna num Portugal com futuro.

Ver aqui:http://www.pcp.pt/os-novos-projectos-de-austeridade-e-degrada%C3%A7%C3%A3o-da-situa%C3%A7%C3%A3o-econ%C3%B3mica-e-social-do-pa%C3%ADs

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

DECLARAÇÃO POLÍTICA DO PCP, NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Declaração Política de António Filipe, Deputado do PCP,
na Assembleia da República sobre a
"Limitação à renovação sucessiva de mandatos dos presidentes de câmaras municipais e de juntas de freguesias”
                                             

Senhor Presidente,
Senhores Deputados,
                                                   
A interpretação da lei que estabelece limites à renovação sucessiva de mandatos dos presidentes de câmaras municipais e de juntas de freguesia tem dado lugar a alguma especulação e a diversas tentativas de lançar a confusão em torno das candidaturas às próximas eleições para as autarquias locais.

Há quem considere que segundo a lei em vigor, os cidadãos que tenham exercido três mandatos consecutivos como presidentes de uma câmara municipal ou de uma junta de freguesia, ficam privados do direito a ser candidatos, não apenas aos órgãos a que presidiram durante três mandatos, mas a qualquer outro órgão autárquico do país.

Podemos admitir, embora discordemos, que por razões políticas, alguém considere que um cidadão que tenha exercido um cargo político por um determinado período, seja privado de direitos políticos para o exercício desse e de outros cargos durante um período subsequente, mas já nos custa admitir que se pretenda basear essa opinião em razões jurídicas que, manifestamente, não existem.
Sejamos mais claros: os cidadãos que tenham exercido três mandatos consecutivos como presidentes de câmara municipal ou de junta de freguesia não podem recandidatar-se a um quarto mandato consecutivo, mas não ficam inibidos de exercer o seu direito cívico e político de se candidatar a um primeiro mandato em outra autarquia. Por uma razão muito óbvia: é que não há nada na lei que o proíba e não há interpretação da lei conforme à Constituição que o impeça.

Senão vejamos:

A Constituição, no seu artigo 48.º, dispõe que todos os cidadãos têm o direito de tomar parte na vida política e na direção dos assuntos públicos do

país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente eleitos, e no artigo 50.º, dispõe que todos os cidadãos têm o direito de acesso, em condições de igualdade e liberdade, aos cargos públicos.

É bom por isso recordar que, quando um cidadão se candidata a um cargo político, seja ele qual for, o faz ao abrigo do seu direito fundamental a ser candidato a qualquer cargo político, mas dá também concretização ao direito fundamental de todos os demais cidadãos a eleger livremente os seus representantes.
É claro que a lei pode estabelecer limites a estes direitos, através de inelegibilidades destinadas a garantir a liberdade de escolha dos eleitores e a isenção e independência do exercício dos respetivos cargos. É isso que a lei faz em diversos casos. É isso que faz, com expressa autorização constitucional no caso da limitação dos mandatos autárquicos. O que acontece é que essa limitação tem de se restringir ao disposto na lei e não pode ir para além dela, com base numa interpretação extensiva que a Constituição não autoriza.

Quando ouvimos alguns responsáveis políticos ou fazedores de opinião a defender que a limitação de mandatos deve ir para além do que a lei estabelece expressamente, ficamos com a sensação de que se esquecem que os autarcas portugueses são eleitos pelos seus concidadãos em eleições livres e que Portugal é uma República soberana baseada na vontade popular.
Por isso mesmo, a fixação legal de um limite de mandatos sucessivos aos presidentes de câmara e de junta de freguesia teve de ser precedida de uma revisão constitucional que a permitiu expressamente, a efetuar nos termos da lei.

E vejamos então o que diz a lei. O que diz a lei é que “o presidente de câmara municipal e o presidente de junta de freguesia só podem ser eleitos para três mandatos consecutivos”.
Trata-se pois de saber, desde logo, o que é um mandato. Nós temos em Portugal um mandato de presidente de câmara a ser exercido por 308 titulares ou temos 308 mandatos a ser exercidos por titulares diferentes? O presidente da câmara municipal de Coimbra e o presidente da câmara municipal de Barrancos exercem o mesmo mandato? Obviamente que não. Cada titular de cargo político exerce o mandato para que foi eleito. Não exerce os mandatos dos outros. E a limitação de mandatos que incida sobre  

cada um só pode incidir sobre os seus próprios mandatos e não evidentemente sobre os mandatos dos outros.

Alguém dirá que a lei pode estabelecer que os cidadãos que exerceram três mandatos como presidentes de câmara ou de junta de freguesia não podem ser candidatos em lugar algum. A lei pode, de facto, estabelecer isso. Mas não o estabeleceu. E se a lei não o fez, não pode ser interpretada como se o tivesse feito? Respondemos, obviamente, que não pode.
Obviamente que não pode, porque as leis restritivas de direitos fundamentais, como é o caso, devem ser interpretadas restritivamente e não podem ter uma interpretação extensiva. Não somos nós que o dizemos. É a Constituição que o determina no artigo 18.º, quando confere força jurídica aos direitos, liberdades e garantias, e é a jurisprudência constitucional que reiteradamente o afirma.
É perfeitamente legítimo que alguém defenda a opinião política de que quem já exerceu um cargo autárquico ao longo de doze anos seja impedido de se recandidatar seja onde for. É uma posição que tem legitimidade política, mas não tem fundamento jurídico-constitucional. Se a lei e a Constituição não o proíbem, não podem ser os fazedores de opinião a fazê-lo.

Não se diga que a interpretação segundo a qual quem tenha exercido três mandatos consecutivos como presidente de câmara ou de junta de freguesia fica proibido de se candidatar em qualquer outra autarquia corresponde ao espírito do legislador. Isso não corresponde à verdade. Quem se der ao trabalho de ler os debates em torno da lei em vigor não consegue extrair em lado algum essa conclusão, mas antes a contrária. Foi na verdade afirmado nesse debate, pelo então Deputado Abílio Fernandes, que a limitação de mandatos proposta não impedia a candidatura em concelhos ou freguesias diversas daquelas em que os três mandatos consecutivos tivessem sido exercidos. E ninguém sentiu a necessidade de o contradizer.

Senhora Presidente,
Senhores Deputados,

Juridicamente, não temos dúvidas que os cidadãos que completaram três mandatos consecutivos como presidentes de câmara ou de junta de freguesia não podem recandidatar-se nas autarquias onde exerceram funções, mas não estão legalmente impedidos de se candidatar em qualquer outra autarquia no território nacional. Mas não nos eximimos de exprimir a

nossa opinião política sobre essa questão, sem ceder a populismos ou a demagogias.

Será justo defender que um cidadão que exerceu três mandatos como presidente de uma câmara ou de uma junta de freguesia, com honestidade e competência, sem que tenha sido acusado de qualquer irregularidade, gozando da confiança e reconhecimento dos seus concidadãos, e que tendo obtido enorme experiência ao serviço das populações, seja impedido de se candidatar numa outra autarquia, submetendo a sua disponibilidade à vontade livre dos cidadãos? Não consideramos que seja justo.
Sejamos claros: ser autarca não é cadastro. Um cidadão não pode ser privado injustamente dos seus direitos políticos pelo facto de ter sido autarca durante doze anos, e a limitação de mandatos que está estabelecida na lei não pode ser entendida como uma punição necessária de quem presidiu a executivos autárquicos.

O PCP bate-se pelo rigor, pela honestidade e pela competência no exercício de cargos públicos, e defende a adoção de todas as medidas que previnam quaisquer fenómenos de abuso de poder, de corrupção ou de clientelismo no exercício dessas funções. Mas não se identifica com aqueles que procuram transmitir a ideia de que tais fenómenos decorrem inevitavelmente do exercício de funções autárquicas, como se não houvesse neste país milhares de cidadãos que, como autarcas, servem desinteressadamente a causa pública e que não merecem ser alvo de um permanente juízo de suspeição.

Disse.

 
Design por Free WordPress Themes | Adaptado para Blogger por Lasantha - Premium Blogger Themes | Amostras gratuitas por Mail