Provocar o Descrédito da Democracia
Texto por José Veloso
Tornou-se
evidente para quem não queria acreditar, que, para gente deste País (como de
outros), o único objectivo na vida é ganhar todo o dinheiro que puder, não
interessa onde, nem como, nem à custa de quê, ou de quem. Para isso, é
indispensável dominar os órgãos do Poder, e, depois, montar uma política
autoritária. Se não se poder conseguir isso logo, não faz mal. Aplica-se a
técnica da ideologia de direita, actuar por fases. Aceita-se o sistema democrático, aprende-se a
controlar e manipular a opinião pública, fazendo-a acreditar, e confiar, no que
lhe é dito, e votar de acordo. Uma vez assim conquistado o Poder, diz-se que se
representa a vontade de toda a população.
O
segundo passo, é implantar na opinião publica a ideia de que para atingir o bem
estar geral, só se pode governar como se não houvesse democracia representativa
(participação de todas as opiniões), isto é, só com maioria absoluta (o nome, é
totalitarismo, uma única ideologia a mandar). O que vale dizer, (mas isso não
se diz), será governar desprezando os que perceberam a mistificação com que estava a ser enterrada
a democracia, e não foram convencidos pelo espectáculo teatral, de
superficialidade e vacuidade de ideias (demagogia), em que, à força de muito
dinheiro, foram transformadas as campanhas eleitorais. E repete-se até à
exaustão que esse é o funcionamento normal da democracia.
Está
este nosso País, na referida situação de Governo com maioria absoluta de
direita, que desconsidera outras opiniões, apesar dos votos recebidos lhes
conferirem a qualidade democrática de serem tão representativas como as da
maioria. Na melhor das hipóteses, aceita-as formalmente, mas não as reflecte em
nada, nem em nenhuma das decisões que toma. Com o maior impudor e descaramento,
está a responder-lhes, na legislação que pretende promulgar, e nos debates da
Assembleia da República, com a displicência e suficiência da perfeita
desonestidade intelectual e cívica (aliás este exemplo tem sido bem aprendido e
seguido noutros locais, como actualmente no Poder Local em Lagos).
É
ver na Assembleia da República os debates sobre a revisão da legislação
laboral, em que o impudor dos argumentos da direita em maioria chega à
barbaridade de dizer que é preciso ser fácil e barato despedir para poder
diminuir o desemprego. E que os 800.000 portugueses desempregados se devem a que
as empresas não podem despedir à sua vontade. E ainda que só com trabalhadores
sem direitos é que as empresas são competitivas e é convidativo o investimento
privado em Portugal.
É
assim, insultando a inteligência de quem ouve, tentado o duplo desiderato da
direita, que quer duma cajadada matar dois coelhos. Desacreditar a democracia,
para melhor a subverter em seu proveito, e conseguir as mãos livres para
utilizar quem trabalha como mercadoria descartável, para a obtenção dos maiores
lucros.
Claro
que o povo português, trabalhador e honesto, vai combater esta ofensiva.
Como
sempre, PODE CONTAR COM O PCP.
José Veloso, Julho 2011
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