quarta-feira, 16 de novembro de 2011

RAZÕES PARA LUTAR



  Razões para lutar  
    por Rui Fernandes
                                      
O INE divulgou hoje os dados do Inquérito ao emprego do 3º trimestre de 2011. A taxa de desemprego voltou a atingir o valor recorde de 12,4% do 1º trimestre e o nº de desempregados em sentido restrito atingiu o seu valor mais elevado de sempre, 689 600 desempregados. Em sentido lato, incluindo os inactivos disponíveis e o subemprego visível, o desemprego atingiu no final do 3º trimestre 1 042 600 desempregados, ou seja, a taxa de desemprego em sentido lato é agora de 18,2%.

A esta taxa de desemprego de 12,4% em sentido restrito corresponde, uma taxa de desemprego das mulheres de 12,9% e dos jovens de 30,0%. São já 138 300 os jovens que fazendo parte da população activa se encontram desempregados. A propósito do desemprego jovem vale a pena referir a taxa de desemprego das mulheres jovens desempregadas, que neste 3º trimestre atingiu a taxa de 32,5%, ou seja, uma em cada 3 jovens em idade activa encontra-se hoje desempregada. 

Os trabalhadores desempregados há mais de um ano são já 356 400 e representam 51,7% do total dos desempregados em sentido restrito.
Os trabalhadores licenciados desempregados são 94 300, o que corresponde a uma taxa de desemprego destes trabalhadores de 9,4%, a mais elevada de sempre.

A esta taxa de desemprego a nível nacional de 12,4% no 3º trimestre, corresponde uma taxa de desemprego por regiões que atinge no caso do Algarve os 14.3%. Ao mesmo tempo que a taxa de desemprego bateu todos os seus recordes, o emprego continua a evoluir negativamente de tal forma que no final do 3º trimestre o emprego em Portugal era de 4 853 700 indivíduos, valor inferior ao registado em 2000 no 3º trimestre, que era de 5 052 800. Temos hoje menos cerca de 200 000 empregos do que no início do século.
Em relação ao 2º trimestre do corrente ano, o nº de empregos reduziu-se em 39 300 e em relação ao 3º trimestre do ano passado temos menos 109 900 empregos. Ao mesmo tempo que o emprego se reduz, o trabalho precário atinge 1 185 900 trabalhadores, dos quais 871 900 são trabalhadores por conta de outrem. Em termos percentuais podemos dizer que 24,4% do emprego total é precário e que o nº de trabalhadores com vínculo precário representa 30,9% dos trabalhadores por conta de outrem.   
A divulgação destes dados sobre o emprego e o desemprego coincide com a discussão na Assembleia da República do OE para 2012, ano em que a taxa de desemprego com grande probabilidade irá ultrapassar em sentido restrito os 13,5% e em sentido lato os 18,5%, em que os desempregados de longa duração ultrapassarão os 400 mil, dos quais mais de 250 mil desempregados estarão desempregados há mais de 2 anos, constitui um autêntico crime social, reduzir os apoios aos desempregados, reduzir os apoios sociais em mais de mil e seiscentos milhões de euros e as despesas com funções sociais em quase 3 mil milhões de euros, como o actual Governo de direita (PSD/CDS) se prepara para fazer, ao aprovar este OE para 2012, com a abstenção violenta (!) do PS. Estas são, entre muitas outras, razões para lutar, à qual greve geral do próximo dia 24 de Novembro dará um importante contributo.

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