Razões
para lutar
por Rui Fernandes
O
INE divulgou hoje os dados do Inquérito ao emprego do 3º trimestre de 2011. A
taxa de desemprego voltou a atingir o valor recorde de 12,4% do 1º trimestre e
o nº de desempregados em sentido restrito atingiu o seu valor mais elevado de sempre,
689 600 desempregados. Em sentido lato, incluindo os inactivos disponíveis e o
subemprego visível, o desemprego atingiu no final do 3º trimestre 1 042 600
desempregados, ou seja, a taxa de desemprego em sentido lato é agora de 18,2%.
A
esta taxa de desemprego de 12,4% em sentido restrito corresponde, uma taxa de
desemprego das mulheres de 12,9% e dos jovens de 30,0%. São já 138 300 os
jovens que fazendo parte da população activa se encontram desempregados. A
propósito do desemprego jovem vale a pena referir a taxa de desemprego das
mulheres jovens desempregadas, que neste 3º trimestre atingiu a taxa de 32,5%,
ou seja, uma em cada 3 jovens em idade activa encontra-se hoje desempregada.
Os
trabalhadores desempregados há mais de um ano são já 356 400 e representam
51,7% do total dos desempregados em sentido restrito.
Os
trabalhadores licenciados desempregados são 94 300, o que corresponde a uma
taxa de desemprego destes trabalhadores de 9,4%, a mais elevada de sempre.
A
esta taxa de desemprego a nível nacional de 12,4% no 3º trimestre, corresponde
uma taxa de desemprego por regiões que atinge no caso do Algarve os 14.3%. Ao
mesmo tempo que a taxa de desemprego bateu todos os seus recordes, o emprego
continua a evoluir negativamente de tal forma que no final do 3º trimestre o
emprego em Portugal era de 4 853 700 indivíduos, valor inferior ao registado em
2000 no 3º trimestre, que era de 5 052 800. Temos hoje menos cerca de 200 000
empregos do que no início do século.
Em
relação ao 2º trimestre do corrente ano, o nº de empregos reduziu-se em 39 300
e em relação ao 3º trimestre do ano passado temos menos 109 900 empregos. Ao
mesmo tempo que o emprego se reduz, o trabalho precário atinge 1 185 900
trabalhadores, dos quais 871 900 são trabalhadores por conta de outrem. Em
termos percentuais podemos dizer que 24,4% do emprego total é precário e que o
nº de trabalhadores com vínculo precário representa 30,9% dos trabalhadores por
conta de outrem.
A
divulgação destes dados sobre o emprego e o desemprego coincide com a discussão
na Assembleia da República do OE para 2012, ano em que a taxa de desemprego com
grande probabilidade irá ultrapassar em sentido restrito os 13,5% e em sentido
lato os 18,5%, em que os desempregados de longa duração ultrapassarão os 400 mil,
dos quais mais de 250 mil desempregados estarão desempregados há mais de 2
anos, constitui um autêntico crime social, reduzir os apoios aos desempregados,
reduzir os apoios sociais em mais de mil e seiscentos milhões de euros e as
despesas com funções sociais em quase 3 mil milhões de euros, como o actual
Governo de direita (PSD/CDS) se prepara para fazer, ao aprovar este OE para
2012, com a abstenção violenta (!) do PS. Estas são, entre muitas outras,
razões para lutar, à qual greve geral do próximo dia 24 de Novembro dará um
importante contributo.
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