quarta-feira, 2 de maio de 2012

ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LAGOS - SESSÃO DE 30 DE ABRIL




NÃO À EXTINÇÃO DAS FREGUESIAS

                            
            O projeto de liquidação de centenas de freguesias que o governo e a respetiva maioria parlamentar insistem em consumar, a pretexto do memorando de entendimento com a Troika e numa atitude de subserviência e alienação dos interesses e valores nacionais, visa outros e inaceitáveis objetivos:                                     
- Empobrecimento democrático ( traduzido na redução de mais de 20 mil eleitos );
- Enfraquecimento da afirmação, defesa e representação  dos interesses e aspirações das populações que a presença de órgãos autárquicos assegura, com o aprofundamento das assimetrias e perda de coesão ( territorial, social e económica );
- O abandono ainda maior das populações;
- O acentuar da desertificação, e
- Ainda que falsamente o neguem, um ataque ao emprego público ( milhares de trabalhadores das freguesias extintas, cujo destino futuro será o despedimento ou a mobilidade ).
            Os argumentos usados para justificar esta ofensiva são falsos e injustificados.
            Ao contrário do  « reforço da coesão » o que daqui resultará  serão mais assimetrias e desigualdades. Os efeitos dos processos de aglomeração são, como comprovadamente se conhece, adversos à coesão.
            Juntar os territórios mais fortes, mais ricos ou com mais população com os mais fracos ou menos populosos – seja em áreas rurais ou urbanas – traduzir-se-á em mais atracão para os primeiros
 ( os que sobreviverão como freguesias ) e mais abandono dos segundos ( os que verão as suas freguesias liquidadas ). Ou seja, mais abandono, menos investimento local, menos coesão para quem menos tem e pode.
            Em vez de « ganhos de eficiência  e de escala » que resultariam  da « libertação de recursos financeiros » o que se terá é menos proximidade e resposta direta aos problemas locais, com menos verbas e menos recursos disponíveis.
            No seu conjunto, o nível de freguesias da administração local terá, de facto, menos verbas .
            Qualquer reforma administrativa do território que se pretendesse séria daria resposta a duas questões cruciais distintas embora convergentes :
            Primeira, não a liquidação de centenas de autarquias mas, sim a concretização da regionalização como a Constituição da república determina, indispensável a um processo de descentralização que se pretenda coerente, a uma reforma da administração pública racional, ao desenvolvimento económico regional e à defesa da autonomia municipal.
Segunda, não a liquidação da expressão de representação política traduzida na existência de órgãos autárquicos erm centenas de freguesias, mas sim a criação de condições e a afetação dos meios indispensáveis ao exercício das atribuições e competências que hoje são negadas ao poder local.
Olhando para a entidade « freguesia » representa em termos do Orçamento de estado – 0,1% do total – e à circunstância de em nada contribuir para a dívida pública, mais exposta fica a intenção do Governo: atacar o poder local e o direito das populações ao bem estar e à satisfação das suas necessidades locais.
Hoje são as freguesias, amanhã, como já se insinua, serão os municípios.
A manifestação do dia 31 de Março convocada pela ANAFRE e por numerosas plataformas contra a liquidação das freguesias, constituiu uma inapagável resposta das populações em defesa da sua identidade e raízes, uma poderosa expressão de afirmação dos seus direitos e identificação com as suas freguesias e respectivos órgãos autárquicos.
Insensíveis à tomada   de posição de milhares de Freguesias, Assembleias Municipais, Câmaras Municipais, Assembleias Metropolitanas e Associações e à vontade expressa na grandiosa manifestação de 31 de Março que reuniu mais de 200 mil pessoas, o PSD e o CDS aprovaram no passado dia 13 de Abril na Assembleia da República a proposta de Lei nº 44/ XII/1ª apresentada pelo Governo. 

Considerando o atrás exposto o eleito da CDU na assembleia Municipal de Lagos propõe:

Que a Assembleia Municipal de Lagos reunida a 30 de Abril de 2012 delibere.
1.      Saudar a ANAFE e por seu intermédio todos os trabalhadores, populações e autarcas que participaram na grandiosa manifestação no dia 31 de Março contra a extinção das freguesias.
2.      Manifestar à Assembleia da República, Presidência da república e Governo o nosso mais vivo protesto pela aprovação da proposta de Lei nº 44/XII/1ª que representa um grave ataque ao poder local saído do 25 de Abril.

Lagos, 30 de Abril de 2012
                                                                                         O Eleito da CDU
                                                                             José Manuel da Glória Freire

Esta proposta foi aprovada por maioria, tendo o PSD e CDS votado contra

0 comentários:

Enviar um comentário

O seu comentário será publicado brevemente.

Muito obrigado pela sua participação.

 
Design por Free WordPress Themes | Adaptado para Blogger por Lasantha - Premium Blogger Themes | Amostras gratuitas por Mail