Intervenção de Paulo Sá na
Assembleia de República
Pela abolição de portagens na Via do
Infante
Sexta 4 de Maio de 2012
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados,
Um tiro no porta-aviões! Foi desta maneira que o
Presidente da Entidade Regional de Turismo do Algarve se referiu à medida
governamental de introdução de portagens na Via do Infante. Um tiro no
porta-aviões!
Durante a visita que a Comissão de Economia e Obras
Públicas realizou há 10 dias ao Algarve, não houve entidade contactada que não
se pronunciasse negativamente sobre as portagens na Via do Infante. Entidades
ligadas ao turismo, autarcas, empresários ligados aos setores da animação, da
hotelaria e da restauração, sindicatos, todos alertaram para as desastrosas
consequências que a cobrança de portagens está a ter na economia regional.
A introdução de portagens levou a que mais de metade
do tráfego da Via do Infante se transferisse para a Estrada Nacional 125,
resultando em longas filas de trânsito e num aumento significativo da
sinistralidade nesta estrada nacional. Contribuiu para o agravamento da crise
económica e social da região, de que os números do desemprego divulgados ontem
pelo INE – os mais altos do País – são bem ilustrativos. Levou a uma diminuição
significativa do número de turistas espanhóis, de que resultaram avultadas
perdas para o turismo algarvio, principal atividade económica da região.
Agravou as dificuldades económicas dos utentes, já duramente afetados pelo
aumento do custo de vida e por baixos níveis de rendimentos.
É hoje claro que as perdas para a economia regional,
provocadas pela introdução de portagens na Via do Infante, são muito superiores
às receitas que o Estado arrecada com a cobrança destas portagens. Esta medida
não tem, pois, qualquer racionalidade económica, e, contrariamente à ideia que
a propaganda governamental pretende difundir, em nada contribui para melhorar a
situação financeira do País, antes pelo contrário, só a agrava.
Perante esta realidade só uma conclusão se pode tirar:
a introdução de portagens na Via do Infante foi um erro colossal que urge
corrigir. É exatamente este o objetivo do projeto de resolução do PCP. Anular
uma errada decisão do anterior Governo do PS, concretizada pelo atual Governo
do PSD/CDS.
Procurando distrair as atenções do que é essencial, os
defensores das portagens – assumidos ou envergonhados –, sugerem a alteração do
modelo de cobrança, o prolongamento das parcas isenções atualmente em vigor ou
até a abolição de portagens para os veículos de matrícula estrangeira. Para o
PCP, qualquer medida desta natureza não responde ao verdadeiro problema – a
existência de portagens na Via do Infante –, apenas adia a sua resolução.
Vai-se tornando cada vez mais claro que a manutenção
das portagens na Via do Infante e demais concessões SCUT visa apenas reduzir as
despesas do Estado com as concessões rodoviárias sem, contudo, tocar nas
fabulosas rendas auferidas pelos grupos económicos que exploram, sem qualquer
risco, essas mesmas concessões. Podendo optar pela renegociação dos contratos
de concessão, transferindo risco para as concessionárias e reduzindo as escandalosas
taxas de rendibilidade, o Governo – este e o anterior - preferem colocar o
fardo sobre os ombros dos cidadãos e das pequenas empresas. É esta a opção dos
partidos da política de direita: servir os interesses dos grandes grupos
económicos!
Da nossa parte – PCP – temos lutado e continuaremos a
lutar pela abolição das portagens na Via do Infante. Em defesa dos interesses
do Algarve e do País!
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