Abolição de portagens na Via do Infante
O Governo PSD/CDS, através do Decreto-Lei
n.º 111/2011, de 28 de Novembro, introduziu a cobrança de taxas de portagem na
Via Infante de Sagres, a partir do dia 8 de dezembro de 2011, concretizando um
processo iniciado pelo anterior Governo PS.
Esta medida foi justificada pelo Governo
com o princípio do utilizador-pagador e a necessidade de aumentar as receitas
obtidas com a exploração das infraestruturas rodoviárias nacionais. Na realidade,
a introdução das portagens, na Via do Infante e nas demais concessões SCUT,
visava apenas reduzir as despesas do Estado com as concessões rodoviárias sem,
contudo, tocar nas fabulosas rendas auferidas pelos grupos económicos que
exploram, sem qualquer risco, essas mesmas concessões.
Podendo optar pela renegociação dos
contratos de concessão, transferindo risco para as concessionárias e reduzindo
as escandalosas taxas de rendibilidade, o Governo preferiu colocar o fardo
sobre os ombros dos cidadãos e das micro, pequenas e médias empresas, já tão
sacrificados pelas políticas levadas a cabo por sucessivos governos.
São muitos os
argumentos que justificam a não cobrança de portagens na Via do Infante.
A Via do Infante foi, em cerca de 70% da
sua extensão, construída com verbas do Orçamento do Estado e com fundos
comunitários do Quadro Comunitário de Apoio (FEDER); os lanços construídos no
regime SCUT representam apenas cerca de 30% da sua extensão total.
A Via do Infante não cumpre todos os
requisitos técnicos aconselhados para as autoestradas interurbanas, em
particular, no que diz respeito ao perfil transversal e ao espaçamento entre
nós. A Via do Infante não tem alternativas credíveis.
A EN 125, antes da entrada em serviço da Via do Infante, era uma
das vias com maior sinistralidade do País. Em partes significativas do seu
traçado, a EN 125 é uma autêntica artéria urbana, não tendo características
adequadas ao tráfego interurbano.
A anunciada requalificação desta estrada
nacional, quando concretizada, contribuirá para a diminuição da sinistralidade
nesta via, mas não a tornará num eixo interurbano alternativo à Via do Infante.
A profunda crise que assola o Algarve
colocou a economia regional numa situação de grande fragilidade, traduzindo-se,
em particular, numa elevadíssima taxa de desemprego – a maior a nível nacional
–, no encerramento e na falência de inúmeras micro e pequenas empresas, e no
aumento de manchas de pobreza e exclusão social.
A introdução de portagens veio agravar, ainda mais, esta dramática
situação. Após a introdução de portagens, no dia 8 de dezembro de 2011, o
tráfego na Via do Infante caiu para menos de metade, encontrando-se esta
importante infraestrutura rodoviária largamente subaproveitada. Milhares de
pessoas, forçadas a abandonar a Via do Infante, têm que, diariamente, enfrentar
o calvário das longas filas de trânsito na EN 125. Registou-se um aumento
significativo da sinistralidade nesta estrada nacional.
A introdução de portagens na Via do
Infante levou ao afastamento de muitos turistas espanhóis – cerca de 30%, de
acordo com associações do setor –, com perdas significativas para o turismo
algarvio, principal atividade económica da região. A imagem do Algarve e do
País sofreu uma degradação, de que o triste episódio, na Páscoa, das enormes
filas de turistas estrangeiros na Ponte Internacional Guadiana a tentarem pagar
– a pé – as portagens é um exemplo bem elucidativo.
Face aos sérios problemas causados pela
introdução de portagens na Via do Infante, de alguns setores da sociedade
algarvia têm surgido propostas de alteração do modelo de cobrança, de abolição
de portagens para os veículos de matrícula estrangeira ou de prolongamento das
parcas isenções atualmente em vigor. Qualquer medida desta natureza não
responde ao verdadeiro problema – a existência de portagens na Via do Infante
–, apenas adia a sua resolução.
Estes últimos meses tornaram bem evidente que a introdução de
portagens na Via do Infante foi um clamoroso erro.
Tal como foi afirmado na Assembleia da
República durante a visita que a Comissão de Economia e Obras Públicas realizou
em Maio ao Algarve, não houve entidade contatada que não se pronunciasse
negativamente sobre as portagens na Via do Infante.
Entidades ligadas ao turismo, autarcas,
empresários ligados aos setores da animação, da hotelaria e da restauração,
sindicatos todos alertaram para as desastrosas consequências que a cobrança de
portagens está a ter na economia regional.
Face aos sérios problemas causados pela
introdução de portagens na Via do Infante.
O Eleito da CDU propõe que:
A
Assembleia Municipal de Lagos reunida a 25 de Junho de 2012 delibere recomendar
ao governo a imediata abolição da cobrança de taxas de portagem em toda a extensão
da Via do Infante desde a Ponte Internacional sobre o Rio Guadiana até Lagos /
Bensafrim.
Delibere
ainda dar conhecimento ao Governo, Assembleia da República e Presidência da
República.
Lagos, 25 de Junho de 2012
O Eleito da CDU
Esta Proposta foi aprovada
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