Discurso da CDU na Sessão Solene 25 de Abril, em Lagos
Ex.mo Senhor
Presidente da Assembleia Municipal
Ex.mo Senhor
Presidente da Câmara Municipal
Demais Autarcas
Ex.mo representante da Associação 25 de Abril
Eleitos da
Assembleia da Juventude
Exmos. Senhores
Dirigentes das Associações, Clubes e Colectividades
Minhas senhoras e
meus senhores
Comemoramos mais um aniversário do Dia da Liberdade num tempo marcado
pela intensificação da furiosa ofensiva contra Abril e as suas conquistas. Uma
ofensiva que – iniciada há trinta e seis anos pelo primeiro governo PS/Mário
Soares, e prosseguida de então para cá por sucessivos governos compostos pelos
três partidos da política de direita, sozinhos ou aos pares – assume agora
contornos de um assalto final a tudo o que a Revolução de Abril nos trouxe de
positivo, avançado, moderno e progressista.
Entretanto,
à troika PS, PSD, CDS que ao longo de mais de três décadas tem
vindo a devastar o Portugal de Abril, juntou-se, de há um ano a esta parte, a troika
FMI, União Europeia, BCE – e as duas, de mãos dadas,
assinaram o tenebroso pacto de agressão. Um pacto que, tal como alertamos na
devida altura e a realidade confirmou, veio agravar ainda mais a situação
económica e social, provocando um maior endividamento do País; trazendo mais
desigualdades e injustiças; trazendo mais desemprego e mais exploração; abrindo
alas aos aumentos desenfreados de todos os bens essenciais; roubando nos
salários, pensões e reformas; aumentando a pobreza, a miséria e a fome;
roubando pedaços significativos da independência e da soberania nacionais;
roubando direitos, liberdades e garantias aos trabalhadores e aos cidadãos;
roubando democracia à já fragilizada democracia existente; roubando Abril aos
trabalhadores, ao povo e ao País.
Um pacto
que, naturalmente, e cumprindo o seu objectivo maior, trouxe mais e mais lucros
e vantagens e benesses aos chefes dos grandes grupos económicos e financeiros,
para servir os quais – e só para isso - as duas troikas
existem.
Um pacto
que também ataca o poder local, com a tentativa de liquidação de centenas de
freguesias que numa cega atitude de subserviência e alienação dos interesses e
valores nacionais , visa outros e inaceitáveis objectivos:
-visa o
empobrecimento democrático;
-visa o enfraquecimento
da afirmação, defesa e representação dos interesses e aspirações das populações
que a presença de órgãos autárquicos asseguram;
-visa o
aprofundamento das assimetrias e perda de coesão territorial, social e
económica com o abandono ainda maior das
populações acentuando a desertificação;
- e ainda
que falsamente o neguem, visa um ataque ao emprego público.
De referir
que no flagelo do desemprego estão mais de 15% da população portuguesa, sendo
no que respeita aos jovens com menos de
25 anos a taxa é de 35%; situando-se o Algarve no topo das regiões nacionais com uma taxa de mais
de 23% de desemprego, coisa nunca vista em 38 anos de democracia.
Por tudo
isso, comemoramos o 38.º aniversário de Abril em luta: luta pela rejeição do
pacto de agressão e da sua política antipatriótica e de direita; luta por uma
política patriótica e de esquerda, ao serviço dos interesses de Portugal e dos
portugueses, inspirada nos valores da Revolução de Abril.
A Revolução de Abril foi o momento mais luminoso da história de Portugal.
Tempo de alegria colectiva, de povo nas ruas a despedaçar algemas e mordaças, a
conquistar a liberdade, exercendo-a, e conferindo-lhe o seu verdadeiro e amplo
significado, juntando-lhe os direitos que a distinguem da falsa liberdade
burguesa. Tempo de afirmação entusiástica e consciente da defesa do interesse
nacional – que é o interesse dos trabalhadores e do povo no quadro da
independência e da soberania de Portugal. Tempo de início da construção de um
tempo novo, de justiça social, de direitos humanos reconhecidos, de paz e
solidariedade com todos os países e povos do mundo. Tempo da construção da mais
avançada democracia alguma vez existente em Portugal: uma democracia económica,
social, política, cultural e com uma determinante componente participativa –
que viria a ser consagrada na Constituição de Abril, aprovada em 2 de Abril de
1976.
A Revolução
de Abril foi liberdade; foi direito ao trabalho com direitos; foi direito à
Saúde, direito ao Ensino, direito à Segurança Social; foi a experiência
histórica da terra entregue a quem a trabalhava e dos sectores estratégicos
fundamentais da economia colocados ao serviço do povo e do País; foi a
construção do Poder Local Democrático; foi o fim da guerra colonial, libertando
outros povos do jugo colonial e simultaneamente libertando Portugal; foi o fim
do isolamento internacional do nosso País…
E se é
verdade que as famigeradas troikas já destruíram grande parte
dessas conquistas de Abril, mais verdade é que Abril continua vivo e a apontar
para o futuro do Portugal pelo qual lutamos, com a certeza de que «Abril, os
seus valores, as suas conquistas e transformações hão-de fazer parte do nosso
devir colectivo».
Assim, as
lutas contra a política de afundamento nacional das troikas são
uma luta por Abril – assim como foram as últimas greves gerais;
-assim como
foram as grandes manifestações convocadas pela Central Sindical CGTP;
-assim como foi a grande manifestação de 31 de
Março contra a eliminação de freguesias;
- assim como são as muitas greves sectoriais que
ocorrem pelo país;
-assim como
são as manifestações contra o Acordo de Concertação Social, ou contra a nova
Lei dos Arrendamentos;
-assim como são as manifestações contra a
introdução de portagens nas ex-scut´s;
-assim como são as manifestações em defesa do
Serviço Nacional de Saúde, da Escola Pública , e da Segurança Social;
- assim como são as manifestações dos
agricultores, e outros sectores de produção;
-assim como
muitas outras pequenas lutas que ocorrem pelo país, que apesar de pequenas são
também grandes em coragem, em determinação e em confiança.
O aprofundamento da
democracia, tal e qual como emergiu da revolução de Abril, é o mais forte
garante de construção de um Portugal mais justo, mais fraterno e mais
solidário, um país desenvolvido e em que seja reconhecido a todos o direito a
uma vida digna, em liberdade e paz.
Sempre com
a consciência de que é pela luta que lá vamos.
Lutando,
com confiança, derrubámos o fascismo e conquistámos Abril.
Lutando,
com confiança, derrotaremos a política das
troikas e daremos voz aos valores de Abril no futuro de Portugal.
25 DE ABRIL
SEMPRE !
VIVA O 25
DE ABRIL !
Lagos 25 de Abril de 2012
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