quinta-feira, 26 de abril de 2012

DISCURSO NA SESSÃO SOLENE 25 DE ABRIL







 Discurso da CDU na Sessão Solene 25 de Abril, em Lagos
                         



Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia Municipal  
Ex.mo Senhor Presidente da Câmara Municipal   
Demais Autarcas   
Ex.mo representante da Associação 25 de Abril   
Eleitos da Assembleia da Juventude  
Exmos. Senhores Dirigentes das Associações, Clubes e Colectividades    
Minhas senhoras e meus senhores  
         
Comemoramos mais um aniversário do Dia da Liberdade num tempo marcado pela intensificação da furiosa ofensiva contra Abril e as suas conquistas. Uma ofensiva que – iniciada há trinta e seis anos pelo primeiro governo PS/Mário Soares, e prosseguida de então para cá por sucessivos governos compostos pelos três partidos da política de direita, sozinhos ou aos pares – assume agora contornos de um assalto final a tudo o que a Revolução de Abril nos trouxe de positivo, avançado, moderno e progressista.

Entretanto, à troika PS, PSD, CDS que ao longo de mais de três décadas tem vindo a devastar o Portugal de Abril, juntou-se, de há um ano a esta parte, a troika FMI, União Europeia, BCE – e as duas, de mãos dadas, assinaram o tenebroso pacto de agressão. Um pacto que, tal como alertamos na devida altura e a realidade confirmou, veio agravar ainda mais a situação económica e social, provocando um maior endividamento do País; trazendo mais desigualdades e injustiças; trazendo mais desemprego e mais exploração; abrindo alas aos aumentos desenfreados de todos os bens essenciais; roubando nos salários, pensões e reformas; aumentando a pobreza, a miséria e a fome; roubando pedaços significativos da independência e da soberania nacionais; roubando direitos, liberdades e garantias aos trabalhadores e aos cidadãos; roubando democracia à já fragilizada democracia existente; roubando Abril aos trabalhadores, ao povo e ao País.

Um pacto que, naturalmente, e cumprindo o seu objectivo maior, trouxe mais e mais lucros e vantagens e benesses aos chefes dos grandes grupos económicos e financeiros, para servir os quais – e só para isso - as duas troikas existem.

Um pacto que também ataca o poder local, com a tentativa de liquidação de centenas de freguesias que numa cega atitude de subserviência e alienação dos interesses e valores nacionais , visa outros e inaceitáveis objectivos:
-visa o empobrecimento democrático;
-visa o enfraquecimento da afirmação, defesa e representação dos interesses e aspirações das populações que a presença de órgãos autárquicos asseguram;
-visa o aprofundamento das assimetrias e perda de coesão territorial, social e económica com  o abandono ainda maior das populações acentuando a desertificação;
- e ainda que falsamente o neguem, visa um ataque ao emprego público.

De referir que no flagelo do desemprego estão mais de 15% da população portuguesa, sendo no  que respeita aos jovens com menos de 25 anos a taxa é de 35%; situando-se o Algarve no topo das regiões nacionais com uma taxa de mais de 23% de desemprego, coisa nunca vista em 38 anos de democracia.

Por tudo isso, comemoramos o 38.º aniversário de Abril em luta: luta pela rejeição do pacto de agressão e da sua política antipatriótica e de direita; luta por uma política patriótica e de esquerda, ao serviço dos interesses de Portugal e dos portugueses, inspirada nos valores da Revolução de Abril.

A Revolução de Abril foi o momento mais luminoso da história de Portugal. Tempo de alegria colectiva, de povo nas ruas a despedaçar algemas e mordaças, a conquistar a liberdade, exercendo-a, e conferindo-lhe o seu verdadeiro e amplo significado, juntando-lhe os direitos que a distinguem da falsa liberdade burguesa. Tempo de afirmação entusiástica e consciente da defesa do interesse nacional – que é o interesse dos trabalhadores e do povo no quadro da independência e da soberania de Portugal. Tempo de início da construção de um tempo novo, de justiça social, de direitos humanos reconhecidos, de paz e solidariedade com todos os países e povos do mundo. Tempo da construção da mais avançada democracia alguma vez existente em Portugal: uma democracia económica, social, política, cultural e com uma determinante componente participativa – que viria a ser consagrada na Constituição de Abril, aprovada em 2 de Abril de 1976.

A Revolução de Abril foi liberdade; foi direito ao trabalho com direitos; foi direito à Saúde, direito ao Ensino, direito à Segurança Social; foi a experiência histórica da terra entregue a quem a trabalhava e dos sectores estratégicos fundamentais da economia colocados ao serviço do povo e do País; foi a construção do Poder Local Democrático; foi o fim da guerra colonial, libertando outros povos do jugo colonial e simultaneamente libertando Portugal; foi o fim do isolamento internacional do nosso País…

E se é verdade que as famigeradas troikas já destruíram grande parte dessas conquistas de Abril, mais verdade é que Abril continua vivo e a apontar para o futuro do Portugal pelo qual lutamos, com a certeza de que «Abril, os seus valores, as suas conquistas e transformações hão-de fazer parte do nosso devir colectivo».

Assim, as lutas contra a política de afundamento nacional das troikas são uma luta por Abril – assim como foram as últimas greves gerais;
-assim como foram as grandes manifestações convocadas pela Central Sindical CGTP;
-assim como foi a grande manifestação de 31 de Março  contra a eliminação de freguesias;
- assim como são as muitas greves sectoriais que ocorrem pelo país;
-assim como são as manifestações contra o Acordo de Concertação Social, ou contra a nova Lei dos Arrendamentos;
 -assim como são as manifestações contra a introdução de portagens nas ex-scut´s;
 -assim como são as manifestações em defesa do Serviço Nacional de Saúde, da Escola Pública , e da Segurança Social;
- assim como são as manifestações dos agricultores, e outros sectores de produção;
-assim como muitas outras pequenas lutas que ocorrem pelo país, que apesar de pequenas são também grandes em coragem, em determinação e em confiança.

O aprofundamento da democracia, tal e qual como emergiu da revolução de Abril, é o mais forte garante de construção de um Portugal mais justo, mais fraterno e mais solidário, um país desenvolvido e em que seja reconhecido a todos o direito a uma vida digna, em liberdade e paz.

Sempre com a consciência de que é pela luta que lá vamos.

Lutando, com confiança, derrubámos o fascismo e conquistámos Abril.

Lutando, com confiança, derrotaremos a política das troikas e daremos voz aos valores de Abril no futuro de Portugal.

25 DE ABRIL SEMPRE !
VIVA O 25 DE ABRIL !
                                                                              Lagos 25 de Abril de 2012

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