Comunicado da reunião da DORAL do
PCP 20 de Abril de 2012
A Direcção da Organização Regional do Algarve do PCP, na sua
reunião de 20 de Abril,
identificou os traços mais marcantes que caracterizam a
situação económica e social na região e no país nos últimos meses imposta pelo
pacto de agressão que PS, PSD e CDS assumiram com a União Europeia e o FMI.
Analisou o conjunto muito diverso, de acções de luta que os trabalhadores e as
populações têm travado na região e a necessidade da sua intensificação. Identificou
as principais tarefas que se colocam aos comunistas nos próximos tempos, desde
logo as que se relacionam com a sua iniciativa política, o reforço da sua
organização e a preparação do XIX Congresso do PCP que se realizará no final do
ano.
1- Acompanhando os traços essenciais do afundamento da
situação económica e social que atinge o povo português, no Algarve a vida dos
trabalhadores e das populações agrava-se diariamente. Numa região marcada
negativamente pela destruição do seu aparelho produtivo, pela precariedade das relações
laborais, pela sazonalidade da actividade turística, pelo estímulo das
actividades especulativas e parasitárias, os impactos da actual crise do capitalismo
atingem proporções de calamidade social e descalabro económico.
São disso exemplo: a dimensão do desemprego que no Algarve
atinge o valor máximo no plano nacional superando os 23%; os números divulgados
pelo eurostat que apontam a região do país como sendo aquela que mais
empobreceu nos últimos anos face à média da UE; a generalização de salários em
atraso particularmente no sector da hotelaria e da construção civil; as quebras
identificadas da actividade produtiva em geral como revelam os números
recentemente divulgados sobre a diminuição das descargas de pescado, com lotas
a registarem quebras de 50%; os mínimos históricos alcançados na ocupação
hoteleira em períodos como o Natal e a Páscoa; os encerramentos às centenas de
pequenos estabelecimentos comerciais nos principais núcleos urbanos; as
rupturas no investimento público que se reflectem na interrupção de
intervenções urgentes nos equipamentos escolares ou na rede rodoviária como a
N125; o desinvestimento e degradação dos cuidados de saúde a par do adiamento
da construção de equipamentos fundamentais como o Hospital Central do Algarve;
a situação de ruptura financeira de instituições essenciais à vida das
populações como as diferentes corporações de bombeiros; os estrangulamentos
colocados à mobilidade das populações decorrentes da introdução de portagens na
Via do Infante e no desinvestimento e rupturas na rede de transportes públicos.
A DORAL do PCP chama ainda a atenção para o facto da generalidade
das câmaras municipais da região, todas elas de maioria PS e PSD, estarem a
transferir para as costas das populações a factura dos cortes orçamentais
impostos por uma política do governo que no fundo apoiam e pelas quebras registadas
nas receitas provenientes de um modelo de financiamento assente durante décadas
na especulação imobiliária. São disso exemplo os insuportáveis aumentos
decretados nas facturas da água – situação que é inseparável do objectivo de
privatizar este bem público - nas tarifas e zonas de estacionamento, nas taxas
camarárias que são cobradas por todo o tipo de serviços ou utilização do espaço
público.
2- Esta é uma realidade que, pelos indicadores disponíveis,
não será ultrapassada com o aumento da actividade turística que ocorre no
Verão, nem com as sucessivas promessas e declarações de intenção do conjunto
dos partidos e dos seus responsáveis na região, que há décadas andam a enganar
o nosso povo. Esta é uma realidade que, a não ser interrompida a política que
está em curso, poderá ainda conhecer novos e perigosos desenvolvimentos,
designadamente se vierem a ser concretizadas medidas como: as alterações à
legislação laboral; a tentativa de perpetuação dos cortes nos subsídios de
férias e de Natal e de apoios sociais diversos; a extinção de freguesias; a
manutenção das portagens; a imposição da “Lei dos despejos”; o processo de destruição
do Serviço Nacional de Saúde - SNS e da Segurança Social.
Esta é uma realidade que os números oficiais, ou a sucessão
de notícias nos órgãos de comunicação social está ainda longe de ser revelada
em toda a sua extensão. No Algarve, por responsabilidade exclusiva dos
sucessivos governos, dos partidos da troika e do Presidente da República,
cresce o desemprego, a pobreza e a fome. E é contra este rumo de desastre que
serve o grande capital, mas que não serve nem a região, nem o país que se
indignam, protestam e lutam os trabalhadores e as populações.
3- A DORAL do PCP valoriza o significado profundo de, nos últimos
meses, vencendo o medo, a repressão, o condicionamento económico, os convites
ao conformismo e à resignação, milhares de trabalhadores, de reformados, de
jovens terem participado combativamente em várias acções de luta contra a
exploração e o empobrecimento, por um outro rumo para o país. É disso
particular exemplo a Greve Geral de 22 de Março convocada pela CGTP-IN, que
envolveu milhares de trabalhadores em todos os sectores da região impondo o
encerramento e a paralisação em várias actividades – recolha de lixo; portos e
barras; escolas; Juntas de Freguesia; empresas do sector privado; circulação
ferroviária, etc – para além de outras adesões significativas que se expressaram
também nas várias concentrações de trabalhadores que decorreram ao longo do dia
em várias cidades.
Num quadro em que,
perante a ofensiva em curso, ganha cada vez maior importância a intensificação
e diversificação das lutas dos trabalhadores e das populações a DORAL do PCP saúda:
as diversas acções desenvolvidas pelos trabalhadores do sector da hotelaria
contra os salários em atraso; os jovens que participaram na jornada de luta de
31 de Março promovida pela Interjovem em Lisboa; as populações e os
trabalhadores das autarquias que participaram na manifestação em Lisboa contra
a extinção de freguesias; as comissões de utentes e as organizações representativas
dos trabalhadores do sector da saúde que se mobilizaram contra a destruição do SNS;
as diversas acções promovidas em vários concelhos contra o aumento dos preços
dos bens e serviços imposto pelas câmaras municipais de maioria PS e PSD com ou
sem o CDS.
A DORAL do PCP apela
à intensificação do protesto e da luta contra a política do Pacto de
Agressão e por um Portugal com futuro. As comemorações do 25
de Abril em toda a região e, em particular, a manifestação marcada pela CGTP-IN
para Faro no próximo 1º de Maio assumem, no actual quadro político, um grande
significado, pelo que contarão com o envolvimento e participação dos militantes
comunistas em toda a região.
4 – Num ano particularmente exigente, os comunistas do Algarve
reafirmam o seu empenhamento na luta por uma ruptura com a política de direita,
por uma política patriótica e de esquerda, pela democracia e o socialismo.
Objectivos que têm associados o reforço do Partido nas suas
diferentes dimensões, a intensificação da luta de massas, o alargamento da
influência do PCP, uma forte e diversificada iniciativa política.
Neste âmbito a DORAL do PCP destaca:
- As tarefas de preparação, já iniciadas, do XIX Congresso do
PCP que decorrerá nos dias 30 de Novembro, 1 e 2 de Dezembro em Almada -
inseparável das medidas em curso de reforço orgânico designadamente da campanha
de 2000 novos membros para o PCP.
- As múltiplas iniciativas comemorativas do 25 de Abril promovidas
pelo PCP que decorrerão em 15 localidades do Algarve ao longo dos próximos
dias.
- A acção contra a introdução de portagens na Via do Infante
que se realizará ao longo da EN125 no próximo dia 18 de Maio.
- O conjunto de iniciativas de esclarecimento e contacto com
a população que estão em curso em torno de diversas questões: legislação laboral;
habitação; preço da água e estacionamento; acesso à saúde; defesa do aparelho
produtivo.
- As tarefas de divulgação, preparação e participação do
Algarve na próxima Festa do Avante! que decorrerá nos dias 7, 8 e 9 de
Setembro.
A Direcção da Organização Regional do Algarve do PCP
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